Depois de Silvio Almeida, mais um ministro do Governo Lula é acusado de assédio, dessa vez trata-se da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
As denúncias que foram feitas por ex -servidoras afirmam haver assédio moral e xenofobia dentro do ministério comandado por Cida.
Além da própria ministra foram denunciadas também a secretária-executiva do ministério, Maria Helena Guarezi, a corregedora interna, Dyleny Teixeira Alves da Silva, e a ex-diretora de Articulação Institucional Carla Ramos.
As acusações foram materializadas em dossiês e gravações de reuniões internas feitas pelas denunciantes e encontram-se agora nas mãos da Controladoria Geral da União (CGU) e da Comissão de Ética Pública (CET) da Presidência da República.
Dentre aquilo que foi relatado estão supostas ameaças de demissão a servidoras, cobrança de trabalho em prazo exíguo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos, o que poderia ser caracterizado como assédio moral.
Um dos relatos acusam Maria Helena Guarezi, segunda na hierarquia do ministério, de ter manifestado racismo em uma reunião. Enquanto Carla Ramos é acusada de gritar com subordinadas. Já a corregedora Dyleny da Silva, segundo as denunciantes, teria se omitido na apuração das acusações de assédio.
Algumas dessas acusações, segundo a CGU, já foram arquivadas por ausência de elementos concretos.
Conforme relatos das denunciantes as hostilidades contra elas teriam começado após a demissão de uma servidora que não chegou no ministério por uma escolha advinda da cota pessoa da ministra, a sindicalista do Pará Carmem Foro que era então secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política.
Após a demissão de Foro, em 9 de agosto de 2024, relatam as denunciantes, a ministra teria convocado uma reunião em que teriam ouvido frases que, para elas, soaram como ameaças.
Cida teria afirmado nessa reunião que Carmen Foro, embora reconhecida liderança social, não era “boa gestora” e que atuava mais como “candidata” no Pará, com viés local, do que como “secretária nacional”. E afirmou que no seu ministério a hierarquia tinha que ser respeitada.
“A gente não está no movimento social. Até no movimento social tem hierarquia. E nós estamos no Ministério das Mulheres. Aqui tem hierarquia. Eu não posso afrontar o presidente, e nenhuma secretária pode me afrontar. Pode discordar, é diferente”, disse Cida, na gravação. “E se vocês acham que eu não sei o que acontece nos corredores, eu sei. Cara, eu sei tudo”, diz ainda a ministra na gravação entregue.
Também na reunião, a ministra afirmou que: “Pode ser que boa parte de vocês [servidoras] também podem sair ou não. A princípio, eu tinha dito para a Carmen que quem é dela, que veio com ela, tinha que ir”, o que foi interpretado pelas servidoras como uma ameaça velada de demissão.
Os processos que seguem em andamento tramitam agora em sigilo até o julgamento final.