O republicano James David Vance, mais conhecido como J.D. Vance, tomou posse nesta segunda-feira 20 como novo vice-presidente dos Estados Unidos. Ele fez o juramento imediatamente antes de Donald Trump assumir oficialmente o comando da Casa Branca.

Atualmente um fiel escudeiro do presidente, o senador eleito por Ohio já tomou outros caminhos. Em 2016, quando Trump derrotou Hillary Clinton, Vance criticava de forma incisiva o republicano – a quem se referiu, por exemplo, como um “idiota”.

Disse também que nunca apoiaria Trump, a quem chamava de “nocivo” e “repreensível”. Chegou a mencionar, em uma conversa privada, temer que o republicano pudesse se tornar “o Hitler dos Estados Unidos”.

Seis anos depois, contudo, já era considerado uma voz extremamente confiável no Congresso.

Vance seguiu um modus operandi comum na extrema-direita: em 2021, pediu desculpas e jurou lealdade. “Acho que o mais importante não é o que você disse há cinco anos, mas se você está disposto a se levantar e suportar a pressão e os golpes para realmente defender os interesses do povo americano”, justificou-se, na ocasião.

Teve uma infância difícil, em um lar sem pai, no chamado “cinturão da ferrugem”, região do centro-oeste marcada pelo declínio industrial, antes de servir no Exército e seguir carreira no Vale do Silício.

O novo vice-presidente ganhou fama com o livro Era Uma Vez Um Sonho (2016), um relato de sua infância em uma pequena cidade símbolo da deterioração de áreas dos Estados Unidos povoadas majoritariamente por pessoas brancas. Com isso, deu voz ao ressentimento rural da classe trabalhadora em uma parte do país.

Nascido em 2 de agosto de 1984, em Ohio, Vance trabalhou como assistente de um juiz federal após se formar na faculdade de direito de Yale. Em 2014, casou-se com Usha Chilukuri, colega de faculdade e filha de imigrantes indianos.

Em 2017, trabalhou no mundo do investimento tecnológico. Àquela altura, suas memórias já haviam ressoado entre a classe trabalhadora americana, que lidava com a estagnação econômica e o vício em drogas, e deram origem a um filme estrelado por Glenn Close e Amy Adams e indicado ao Oscar.

Vance aproveitou sua história pessoal para se tornar um comentarista requisitado e ficou amigo do filho mais velho de Trump, que, aparentemente, influenciou em sua escolha como candidato à vice-Presidência.

Em setembro, já em campanha, esteve no centro de uma polêmica ao compartilhar um boato sem fundamento: repetiu a falsa alegação difundida por Trump de que imigrantes sequestravam e consumiam animais de estimação em Springfield, Ohio.

A desinformação elevou a tensão local, com mais de 30 ameaças de bomba em escolas e edifícios públicos de Ohio. O prefeito de Springfield, Rob Rue, também recebeu ameaças de morte após as declarações da dupla.

O último vice de Trump

Ao anunciar J.D. Vance como seu candidato a vice-presidente, Trump reforçou a aposta em um aliado que, apesar do passado crítico, se mostrou leal nos últimos três anos. A pressão sobre o senador eleito, contudo, tende a se manter até os derradeiros segundos do novo governo.

Escolhido para vice de Trump em 2016, Mike Pence jurou lealdade ao magnata, mas terminou o mandato sob a pecha de traidor por não embarcar na trama que tentou impedir a certificação do triunfo de Joe Biden.

Não à toa, Pence afirmou, em março de 2024, que não apoiaria Trump em sua tentativa de voltar à Casa Branca.

Após várias tentativas fracassadas de Trump e seus aliados de anular a votação de 2020, o então presidente encorajou seus apoiadores a marchar até o Capitólio, onde, aos gritos de “enforquem Mike Pence”, vandalizaram o prédio.

Já no início de 2023, Pence afirmou que Trump teria de responder à história por seu papel no ataque ao Capitólio. “Eu não tinha o direito de reverter a eleição. E as palavras imprudentes dele colocaram em perigo a minha família e todos que estavam no Capitólio naquele dia. Sei que a história responsabilizará Donald Trump.”

Os invasores de 6 de janeiro de 2021 agrediram com barras de ferro os policiais e quebraram vidraças antes de entrar no edifício.

Naquele dia, quatro pessoas morreram, duas delas por ataque cardíaco e outra por uma possível overdose. A última, Ashli Babbitt, foi morta por um policial quando tentava entrar à força na Câmara de Representantes.

Donald Trump acompanhou a balbúrdia pela televisão de dentro da Casa Branca e só pediu tranquilidade depois de horas.

(Com informações da AFP)

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Last Update: 20/01/2025