Trump 2.0

por Eliara Santana

Donald Trump volta hoje à presidência dos EUA. Volta muito mais forte e menos atarantado do que em 2016. Sim, sabemos que enfrentará vários problemas – os EUA, apesar da imagem vendida para o mundo, está com sérios problemas, inclusive econômicos, não será fácil.

No entanto, Trump está mais ciente do projeto de domínio nazista que quer implementar e tem um ingrediente essencial pra isso: controle midiático. Ele conta com o apoio inconteste das big techs – até o momento, Meta (Zuckerberg) declarou amor incondicional abertamente; o X de Musk foi explícito desde o começo no seu amor pela extrema direita e por Trump; outros grupos seguirão num apoio velado.

Além do controle do ambiente digital e do suporte do ecossistema de desinformação, Trump tem a seu favor a não resistência da imprensa tradicional – a mídia norte-americana já não bate em Trump, já o normalizaram, ele já está sendo tratado como um presidente republicano que sucede um democrata em condições democráticas normais de temperatura e pressão. Infelizmente, estou vendo o começo desse movimento por aqui também. No entanto, deixo o palpite de que isso não vai durar muito (como foi com Bolsonaro), mas será suficiente para provocar grande estrago. Outro ponto também relevante, como parte integrante do ecossistema de desinformação, é a perseguição a pesquisadores que escancaram o tema – nos EUA, isso se deu pela via da judicialização, impedindo pesquisas, divulgações, o funcionamento de laboratórios importantes.

Sem dúvida nenhuma, tudo isso terá forte impacto para o Brasil – claro, toda a extrema direita esteve e está de olho em nós e na reorganização do

Laboratório Brasil de Realidade Paralela – e acho que uma ação importante para o país se resguardar será a ligação cada vez maior com o BRICS, mas isso é tema pra outro post.

Por ora, precisamos pensar no tamanho dos desafios que Trump 2.0 nos trará. E não estou sendo alarmista – já adiantando que também detesto a positividade tóxica. Estou pontuando algumas questões que vislumbro como relevantes para uma reflexão sobre esses novos tempos – e as formas de agir com vistas a 2026, que já começou.

Eliara Santana é jornalista, doutora em Linguística e Língua Portuguesa, com foco em Análise do Discurso. É pesquisadora do Observatório das Eleições e integra o Núcleo de Estudos Avançados de Linguagens, da Universidade Federal do Rio Grande. Coordena o programa Desinformação & Política. Também Desenvolve pesquisa sobre desinformação, desinfodemia e letramento midiático no Brasil.

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Last Update: 20/01/2025