De volta ao poder, o magnata republicano Donald Trump tomou posse, nesta segunda-feira (20), como o 47º presidente dos Estados Unidos (EUA). Fortalecido pelos resultados das eleições e pela franca decadência da democracia no país, Trump venceu a corrida presidencial com promessas de deportar milhões de pessoas, banir militares transgêneros, taxar duramente outras economias, pôr fim às guerras no Oriente Médio e no leste da Europa e anistiar os extremistas de direita que invadiram e deprederam o Capitólio em seu nome.

Especialistas argumentam que o plano de governo do republicano não é apenas contrário aos princípios democráticos, mas temerário para a frágil estabilidade política do mundo. A agenda anti-imigração, por exemplo, carregada de xenofobia, mira mais de 11 milhões de indivíduos que vivem nos EUA em situação irregular, entre os quais 230 mil são cidadãos brasileiros. Trump os acusa de “envenenar o sangue do povo estadunidense”.

Durante o discurso de posse, em Washington, o novo mandatário fez questão de advertir os estrangeiros sem visto da nova política de deportação em massa que será levada a cabo a partir de hoje. O tom nacionalista, racista e autoritário do republicano foi ovacionado pelos correligionários da extrema direita.

“Primeiro, eu vou declarar uma emergência nacional na nossa fronteira ao sul. Toda entrada ilegal será imediatamente impedida e vamos começar o processo de devolver milhões e milhões de imigrantes ilegais de volta para o lugar de onde vieram. Restabeleceremos a nossa política ‘fique no México’”, bradou o magnata, sob aplausos. “Enviarei tropas à fronteira ao sul para reparar o desastre das invasões ao nosso país”, prosseguiu.

Cerca de 4 milhões dos imigrantes ilegais nos EUA são mexicanos, trabalhadores e trabalhadoras que fazem tarefas subvalorizadas, mas essenciais à economia estadunidense e, normalmente, recusadas pelos locais.

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Disseminação do discurso de ódio

A ascensão da extrema direita no mundo é amparada pelas big techs, que lucram com a disseminação do discurso de ódio, a pretexto da liberdade de expressão. Por isso, Trump decidiu convidar o dono da plataforma X, o sul-africano Elon Musk, para integrar seu governo. Bilionários da tecnologia como Musk e Mark Zuckerberg, fundador da Meta Platforms, estão em guerra contra a regulação das redes sociais, especialmente na União Europeia (UE) e no Brasil. Ambos compareceram à posse do republicano nesta segunda.

“O meu governo irá estabelecer o novíssimo Departamento de Eficiência Governamental [DOGE, sigla em inglês]. Após anos e anos de esforços ilegais, inconstitucionais, para restringir a livre expressão, eu assinarei um decreto para pôr fim à censura governamental e trazer de volta a liberdade de expressão à América”, sinalizou Trump, referindo-se ao setor do governo que será comandado por Musk.

Recentemente, antes mesmo da sucessão presidencial, Zuckerberg publicou um vídeo anunciando o fim do serviço de checagem de fatos da Meta. Embora o aceno claro à extrema direita não tenha lhe rendido cargo algum na plutocracia que se tornou os EUA, o magnata da tecnologia conseguiu assegurar parte de seus lucros. A empresa dele é responsável pelas redes Facebook e Instagram.

Além de entrar em atrito com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Musk tem manifestado apoio explícito à extremista Alice Weidel, cujo partido, a Alternativa para a Alemanha (AfD, sigla em alemão), faz apologia aberta ao nazismo. A julgar pelas condutas do homem-forte do novo governo Trump, a promessa de acabar com a guerra na Europa parece distante da realidade.

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Império em decadência

A decadência do império estadunidense encontra ressonância no afã de Trump de tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia, além de anexar o Canadá e renomear o Golfo do México para “Golfo da América”. Na posse, o magnata republicano disse que espera que seu legado seja de um “pacificador”, apesar das pretensões imperialistas e anacrônicas.

“A América vai recuperar seu lugar de direito como a mais poderosa e mais respeitada nação do mundo, inspirando admiração em todo mundo. E daqui pouco tempo, alteraremos o nome do Golfo do México para ‘Golfo da América’”, avisou Trump.

Sobre o Canal do Panamá, o presidente argumentou que “esse foi um presente que nunca deveria ter sido dado”: “Nós não o demos para a China, nós o demos ao Panamá, e agora nós vamos pegá-lo de volta”.

Homofobia escancarada

Como era de se esperar, o discurso de posse do republicano tratou ainda das questões de gênero. Nesse momento, os aliados de Trump entraram em estado de êxtase. Aplausos efusivos escancararam a homofobia da extrema direita em Washington.

“Nesta semana, porei fim à política de tentar fazer engenharia social da raça e do gênero, trazendo a cada aspecto da vida pública e privada”, avisou o presidente. “A partir de hoje, e daqui para frente, essa será a política oficial dos EUA. Há apenas dois gêneros: masculino e feminino”, definiu.

Da Redação, com CNN Brasil

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Last Update: 20/01/2025