Após 15 meses de um conflito cruento e devastador, que contabilizou cerca de 50 mil mortos e mais de 100 mil feridos, além de ter destruído praticamente toda sua infraestrutura, incluindo hospitais, escolas e outros prédios, a Faixa de Gaza começou hoje seu primeiro dia de paz desde a histórica operação Dilúvio de Al Aqsa, empreendida no dia 7 de outubro de 2023. O acordo de paz firmado no Catar, fruto de intensas negociações, se revelou histórico por sua escala e se dará em três etapas. Segundo o Centro de Prisioneiros Palestinianos, a primeira fase do acordo incluirá a libertação de mais de 600 prisioneiros, todos com sentenças superiores a 15 anos. Entre eles, aproximadamente 290 cumprem prisão perpétua, representando metade dos 566 palestinos sentenciados a essa pena nas prisões israelenses.
Conquistar a libertação destes prisioneiros após a dura luta contra os sionistas é uma importantíssima vitória, a maior já conquistada contra a entidade ocupante. Trata-se de motivo para celebração ao redor de todo o planeta, uma festa de todos os povos oprimidos que viram na ação do Hamas e da Resistência uma possibilidade real de enfrentamento contra o monstro imperialista opressor.
Entre os palestinos libertados pela vitória da Resistência Palestina estão veteranos como Mohammed Al-Tous, preso desde 1985. Além dele, 21 prisioneiros capturados antes dos Acordos de Oslo, há mais de 30 anos, receberão prioridade na liberação.
Ademais, o acordo contempla a libertação de 85 mulheres, mais de 340 crianças e prisioneiros idosos ou gravemente enfermos. Essa abrangência humanitária ressalta o compromisso da resistência com todos os setores da sociedade palestina.
Prisioneiros de Gaza, Cisjordânia, Al-Quds (Jerusalém) e das terras palestinas ocupadas em 1948 serão incluídos, evidenciando a abrangência da vitória. Especialmente significativo é o caso dos mais de mil prisioneiros de Gaza detidos durante a recente guerra genocida, dos quais mais de 3.000 ainda permanecem nas prisões sionistas.
Enquanto isso, na Cisjordânia, o último dia 18 trouxe importantes acontecimentos em Jenin. Após 44 dias de cerco, o campo de refugiados celebrou uma vitória histórica para a Resistência, com um acordo entre a Brigada de Jenin e a corrupta Autoridade Palestina (AP), que incluiu o fim das perseguições a combatentes da Resistência, o compromisso de não interferir em suas armas, a libertação de detidos e a reconstrução de casas destruídas durante o cerco.
A celebração no campo foi marcada por cânticos e demonstrações de unidade, com jovens exaltando a Brigada de Jenin e a Resistência em Gaza, em um reconhecimento da luta compartilhada contra o inimigo comum.
Na cidade de Jalboun, também na Cisjordânia, a retirada completa das forças israelenses, após 78 dias de uma incursão brutal, foi outro marco da vitória palestina. Durante essa ocupação, os sionistas transformaram residências em quarteis militares, confiscaram veículos, demoliram estufas e ruas, deixando um rastro de destruição. A retomada de Jalboun pelas forças da Resistência reafirma a determinação palestina em recuperar suas terras.
Por outro lado, as forças de ocupação enfrentaram uma noite caótica dentro de suas próprias fronteiras. Sirenes de alerta soaram em dezenas de localidades, incluindo Telavive (Jafá ocupada), enquanto colonos fugiam em pânico das praias da cidade após ataques de foguetes lançados do Iêmen. No Aeroporto Ben Gurion, as operações de decolagem e pouso foram suspensas após o impacto de um míssil iemenita.
O secretário-geral do Hesbolá, Sheikh Naim Qassem, proferiu um discurso destacando que a vitória palestina conseguiu frustrar o grande plano de “Israel”. Ele parabenizou o povo palestino por sua firmeza e sacrifícios, afirmando que o acordo de cessar-fogo foi “uma demonstração inequívoca de que o inimigo falhou em alcançar seus objetivos”. “A Resistência”, disse ele, “não apenas preservou sua força como também alcançou vitórias que moldarão o futuro da Palestina”.
Até mesmo vozes sionistas admitiram a derrota. Segundo o canal de Telegram Jenin News, o escritor Alon Mizrahi descreveu o Hamas como uma “lenda para as gerações vindouras”, reconhecendo sua capacidade de resistir ao confronto e triunfar contra “Israel” e o imperialismo. Essa admissão reflete a extensão do impacto da resistência, que transcende fronteiras e redefine o equilíbrio de poder na região.
Finalmente, outro importante evento do último dia antes da vigência do cessar-fogo foi marcado por um ataque em Telavive, resultando na morte de um colono e ferindo diversos outros. A operação, conduzida pelo jovem Salah Yahya, de 19 anos, oriundo do campo de refugiados de Tulkarm e foi descrita pelo Hamas como uma “resposta natural às atrocidades sionistas”. Yahya foi martirizado após ferir gravemente os colonos. O principal partido revolucionário palestino afirmou que esse ato simboliza a continuidade da resistência em todas as frentes, enviando uma mensagem clara de que o povo palestino não recuará até a libertação total de sua terra.
A brutalidade do regime sionista, por sua vez, não cessou nem mesmo após o anúncio do cessar-fogo. Até as 10 horas da manhã do dia 18 de janeiro de 2025, 122 palestinos haviam sido martirizados, incluindo 33 crianças e 33 mulheres, além de mais de 270 feridos. Este cessar-fogo, embora com um alto custo em vidas humanas, representa a pior derrota sofrida pelas forças invasoras da Palestina nos mais de cem anos desde o começo do conflito, sendo por isso também, a mais importante vitória já conquistada para a causa da libertação do povo palestino. Uma conquista ainda maior do que a impressionante vitória do Hesbolá contra “Israel” no ano 2000, e marcante para a história de todos os povos oprimidos do planeta.