O mês de janeiro, marcado pela campanha Janeiro Branco, é um convite para refletir sobre a saúde mental. O tema, que ganha cada vez mais relevância no ambiente corporativo, tem implicações diretas no desempenho das equipes.
Criada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão, a iniciativa busca conscientizar a população sobre a importância de cuidar das emoções. A campanha destaca o papel do bem-estar mental no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade de vida.
No contexto das empresas, a saúde mental influencia o desempenho individual e coletivo. Segundo Nayara Teixeira, diretora de operações da Mapa HDS, “o adoecimento mental afeta o senso de propósito, reduz a concentração e provoca desmotivação, impactando negativamente o desempenho no trabalho”.
Esse cenário reflete um problema maior. O Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de pior índice de saúde mental, de acordo com o relatório Estado Mental do Mundo 2023. Além disso, houve um aumento de 20% nos afastamentos por transtornos mentais em 2023, segundo a It’sSeg Company.
Identificar sinais pode prevenir impactos maiores
Reconhecer os sinais de problemas emocionais é o primeiro passo para evitar que eles prejudiquem ainda mais o ambiente de trabalho. Segundo Patricia Ansarah, fundadora do Instituto Internacional em Segurança Psicológica, a preparação da liderança é uma ferramenta essencial nesse processo.
“Líderes precisam ser treinados para identificar comportamentos atípicos e compreender os sinais de alerta, como absenteísmo e irritabilidade”, explica Patricia. Ela reforça que a sensibilização é importante para observar mudanças de comportamento, mas sem ultrapassar o papel dos especialistas.
A psicóloga também destaca a escuta ativa como uma estratégia eficaz. Quando gestores estão abertos ao diálogo, os trabalhadores se sentem mais confiantes para compartilhar suas dificuldades. Isso facilita a identificação de problemas e a busca por soluções.
Empresas investem em estratégias para bem-estar
Diversas empresas já implementam iniciativas voltadas para o cuidado emocional dos trabalhadores. A farmacêutica Prati-Donaduzzi, por exemplo, desenvolveu o projeto Talk Time, que promove escuta ativa, orientação e apoio aos funcionários.
Maria Rita Pozzebon, supervisora de responsabilidade social da empresa, explica que gestores são capacitados para identificar sinais de estresse e burnout. Além disso, trabalhadores têm acesso a palestras e ferramentas para aliviar a ansiedade.
Outra prática adotada por algumas empresas é a flexibilização de horários. Dependendo da situação, ajustar o escopo de trabalho ou oferecer home office pode ajudar na recuperação emocional. Dividir projetos em etapas menores também é uma alternativa para reduzir a pressão sobre os trabalhadores.
Benefícios corporativos ampliam o apoio emocional
O bem-estar dos trabalhadores não depende apenas de iniciativas no ambiente de trabalho. Benefícios como acesso a academias, sessões de terapia e programas de educação financeira têm ganhado espaço nas empresas que buscam atender às necessidades de suas equipes.
De acordo com o levantamento Panorama do Bem-Estar Corporativo 2025, 92% dos profissionais consideram o bem-estar tão importante quanto o salário ao avaliar uma oportunidade de emprego. Andre Purri, CEO da Alymente, afirma que “quando os trabalhadores se sentem bem, a produtividade aumenta e a rotatividade diminui”.
Prevenção no ambiente corporativo
Durante o Janeiro Branco, empresas podem usar a campanha como um ponto de partida para promover a saúde mental. Ações como palestras, workshops e campanhas educativas ajudam a criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e produtivo.
Fabiola Molina, especialista em desenvolvimento de carreiras, explica que essas iniciativas contribuem para a construção de uma cultura organizacional mais saudável. “Promover bem-estar, oferecer apoio psicológico e reduzir o estigma em torno da saúde mental coloca as empresas em vantagem”, comenta.
Tecnologia como aliada no cuidado emocional
A tecnologia tem permitido às empresas monitorar com mais precisão os fatores que afetam o bem-estar dos trabalhadores. Nayara Teixeira destaca que plataformas digitais ajudam a identificar estresse, conflitos interpessoais e condições de trabalho que impactam a saúde mental.
Essas ferramentas coletam e analisam dados, possibilitando que empresas criem estratégias preventivas. Dessa forma, organizações conseguem agir de maneira estruturada para reduzir os riscos emocionais e psicológicos.
Construindo um futuro mais saudável
Cuidar da saúde mental exige um compromisso contínuo. Segundo a especialista em inteligência emocional Elisa Pontes, práticas como exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono de qualidade ajudam a manter o equilíbrio emocional.
“Ter bem-estar é saber lidar com os próprios sentimentos e manter relacionamentos saudáveis. Isso deve ser um compromisso para todo o ano, não apenas em janeiro”, afirma Elisa.
Empresas que incorporam essas práticas em suas rotinas criam ambientes mais equilibrados. Com isso, promovem o bem-estar dos trabalhadores e garantem melhores resultados no longo prazo.
