O tão aguardado acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas finalmente foi aprovado pelo governo sionista de Benjamin Netanyahu neste sábado (18). Com isso, ao menos por ora, fica estancado o morticínio do povo palestino na Faixa de Gaza e reféns israelenses serão libertados.
O acordo foi aprovado após seis horas de reunião, mesmo com a pressão de ministros ainda mais linha-dura do que o próprio Netanyahu. O placar foi de 24 ministros favoráveis e oito contra.
Com a ratificação, o cessar-fogo — que inicialmente será de seis semanas — passa a vigorar neste domingo (19), abrindo caminho para negociações que possam levar ao fim definitivo dos ataques que se estendem desde 7 outubro de 2023.
Na quinta-feira (16), Netanyahu ameaçou não fechar o acordo argumentando que o Hamas teria tentado mudar os termos estabelecidos, o que foi negado pelo grupo. Apesar do impasse, as tratativas continuaram. A trégua foi anunciada pelo Catar e EUA na quarta-feira (15).
Quando o pacto foi comunicado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, via redes sociais: “Após tanto tempo de sofrimento e destruição, a notícia de que um cessar-fogo em Gaza foi finalmente negociado traz esperança. Que a interrupção dos conflitos e a libertação dos reféns ajudem a construir uma solução duradoura que traga paz e estabilidade a todo Oriente Médio”.
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O acordo prevê, em sua primeira fase, o retorno dos palestinos a seus locais de moradia e a assistência humanitária na Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, Israel retiraria seus soldados das áreas mais densamente povoadas da região. Estima-se que 2,3 milhões de pessoas obrigadas a deixar suas casas pela ação israelense poderão voltar aos seus locais de moradia. A maior parte dessas áreas, no entanto, encontra-se destruída.
Além disso, ficou estabelecida a libertação de 33 reféns israelenses. Compõem este grupo crianças, mulheres, homens acima de 50 anos, pessoas feridas ou doentes. Em troca, Israel também soltará prisioneiros palestinos que, segundo fontes locais, somariam ao todo mil pessoas presas.
A segunda fase está prevista para ser iniciada 16 dias após o começo do cessar-fogo, quando reféns e prisioneiros de ambos os lados deverão ser libertados. Na sequência, está prevista a reconstrução de Gaza.
Marcas profundas
Até agora, segundo números oficiais, os ataques israelenses teriam matado 48 mil pessoas. Mas, um estudo da revista The Lancet aponta que pode ter havido uma subnotificação de 40% nos números.
O cálculo foi feito tendo como base os dados obtidos entre outubro de 2023 e o final de junho de 2024. Naquela ocasião, os números oficiais giravam em torno de 37,9 mil mortos, enquanto o estudo apontava para a possibilidade de haver mais de 64,3 mil. Ainda de acordo com essas estimativas, 59% dos mortos são crianças, mulheres e idosos.
De acordo com relatório do Médicos sem Fronteiras lançado no final de 2024, o sistema de saúde e outras estruturas essenciais de Gaza estão em colapso. Na ocasião, o secretário-geral do MSF, Christopher Lockyear, declarou que “a ofensiva militar recente no Norte é uma ilustração crua da guerra brutal que as forças israelenses estão travando em Gaza, e estamos vendo sinais claros de limpeza étnica à medida em que palestinos são forçados a se deslocar, encurralados e bombardeados”.
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Relatório do Banco Mundial e das Nações Unidas divulgado em abril apontou que os danos à infraestrutura foram críticos e somam cerca de US$ 18,5 bilhões, o que equivale à soma do PIB de Gaza e da Cisjordânia em 2022. Ainda segundo a ONU, uma frota de cem caminhões demoraria 15 anos para remover quase 40 milhões de toneladas dos destroços deixados pelos ataques israelenses.
O conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando ataques do Hamas mataram 1,2 mil israelenses; outras dezenas foram feitas reféns, algumas das quais foram mortas desde então.
Com agências