Nesta sexta-feira (17), Masoud Pezeshkian, presidente do Irã, esteve em Moscou, ocasião em que se reuniu com Vladimir Putin, presidente da Rússia, para firmar acordo estratégico entre os dois países.
O acordo, intitulado “Tratado de Parceria Estratégica Abrangente” tem o objetivo de ser um plano estratégico para o desenvolvimento estável não apenas da Federação e da República Islâmica, mas de toda a região, configurando uma frente de ambos os países contra forças que buscam desestabilizá-los, isto é, o imperialismo, seja através de sanções ou outros mecanismos.
Putin qualificou o acordo como “um documento verdadeiramente inovador”, e informou que o mesmo “estabelece tarefas e parâmetros […] ambiciosos para aprofundar a cooperação bilateral a longo prazo”. Destacando que o tratado visa a aumentar a independência do Irã e da Rússia face ao imperialismo, Pezeshkian afirmou que ambos os países “são capazes de construir uma cooperação mutuamente benéfica sem olhar para outros países e sem ouvir conselhos do outro lado do oceano”.
Ainda se opondo à intromissão do imperialismo, o presidente iraniano afirmou que “o Ocidente não deveria tentar falar a partir de uma posição de força nas relações com outros Estados”, com Putin declarando que “a Rússia e o Irã têm posições semelhantes na maioria dos assuntos internacionais”.
No que se refere a medidas concretas, o Trato aprofunda a cooperação econômica entre a Federação e a República Islâmica, principalmente no setor energético. Sobre isto, Vladimir Putin informou que já está em curso “projeto de construção de um gasoduto da Rússia ao Irã”. Segundo o mandatário russo, “os fornecimentos na primeira fase podem atingir 2 bilhões de metros cúbicos, com perspectiva de aumentá-los para 55 bilhões de metros cúbicos”.
Vale ressaltar que, nesta quinta-feira (16), o Kremlin anunciou que mais de 96% das transações comerciais entre Rússia e Irã já são realizadas nas moedas de ambos os países, isto é, sem dependência do dólar, que é utilizada pelos EUA para sabotar o desenvolvimento dos países oprimidos. Segundo informado pela agência de notícias TASS, apenas nos nove primeiros meses de 2024 houve um aumento de 14,7%, percentual equivalente a 3,3 bilhões de dólares.
Rússia e Irã se também comprometeram a não aderir a sanções de outros países um contra o outro, mesmo que tais medidas afetem apenas indiretamente a uma das partes contratantes.
Ainda no que se refere à cooperação econômica, o acordo tem como um de seus objetivos concretos realizar o Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul, iniciativa que corresponde à construção de um ferrovia de 162km de extensão, a conectar a cidades iranianas de Resht , próxima do Mar Cáspio, à cidade de Astara, próxima à fronteiro com o Azerbaijão. Trata-se de uma iniciativa para facilitar “a movimentação de mercadorias entre Rússia, Azerbaijão, Irã e Índia”, conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen.
O acordo também aprofunda a cooperação na área de defesa e segurança mútua, contra ameaças do imperialismo, em prol da segurança regional e global. Conforme o texto do documento, “as partes contratantes reafirmam seu compromisso de desenvolver cooperação técnico-militar com base em acordos relevantes entre elas, levando em consideração interesses mútuos e suas obrigações internacionais, e consideram essa cooperação como um componente importante para manter a segurança regional e global”. É igualmente previsto a realização de exercícios militares conjuntos, que deverão ser conduzidos tanto em território russo, quanto iraniano.
Para além dos termos do acordo, que abrange outras questões além das expostas cima, Vladimir Putin se pronunciou sobre a guerra na Palestina, afirmando que “Moscou espera que o pacto entre Israel e o Hamas contribua para aliviar a situação humanitária na Faixa de Gaza”, apelando para que todas as partes “continuem a trabalhar até que seja alcançado um acordo abrangente sobre a Palestina que inclua a criação de um Estado soberano”.
