O ano de 2025 começa com grandes expectativas e desafios para o campo psicodélico, no Brasil e no cenário global. Enquanto os debates sobre regulamentação, usos terapêuticos e preservação de saberes tradicionais ganham força, o setor reflete sobre as duras lições de 2024, como o revés na pesquisa com MDMA, e volta seu olhar para novas oportunidades envolvendo substâncias como psilocibina e
cetamina.
A Psicodelicamente acredita que um dos grandes marcos de 2025 será a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, marcada para novembro em Belém, no Pará. Além de abordar as questões climáticas, o evento tem o potencial de abrir espaço para debates sobre a importância dos conhecimentos tradicionais ligados às plantas psicodélicas, como a ayahuasca e o rapé, usados há séculos pelos povos indígenas da Amazônia.
O papel dessas populações como guardiãs de saberes ancestrais, essenciais para a preservação das florestas e, consequentemente, para o futuro do planeta, ganha cada vez mais reconhecimento. A COP 30 representa uma oportunidade valiosa para aprofundar o debate sobre a proteção e valorização desses conhecimentos em nível mundial.
A Psicodelicamente consultou especialistas para entender os marcos de 2024 e as perspectivas para 2025. Um consenso entre eles foi o impacto do veto do FDA (Food and Drug Administration) ao MDMA, considerado uma das principais lições do ano passado.
Embora a aprovação da substância como tratamento para Tept (transtorno de estresse pós-traumático) nos Estados Unidos parecesse iminente no início de 2024, a decisão da agência norte-americana, equivalente à Anvisa, de rejeitar o pedido e exigir novos estudos surpreendeu o setor. A medida gerou críticas, levantou preocupações sobre possíveis quedas nos investimentos científicos e comerciais e, no Brasil, intensificou os debates sobre os desafios de integrar essas terapias aos sistemas de saúde pública.
Por aqui, o cenário é marcado por questionamentos sobre os modelos de regulamentação e pela necessidade de formação qualificada para profissionais que atuarão no campo psicodélico. Paralelamente, a busca por alternativas já regulamentadas e mais acessíveis, como a cetamina e o uso ritual de substâncias como ayahuasca e cogumelos mágicos vem ganhando força. No plano internacional, o foco se concentra em avanços relacionados à psilocibina e na expansão dos usos terapêuticos e ritualísticos dessas substâncias em diferentes contextos.
Especialistas destacam a necessidade de integrar inovação científica com sustentabilidade, garantindo o respeito às populações tradicionais e aos ecossistemas. Além disso, enfatizam a importância de aprofundar o debate sobre políticas e regulamentações no campo psicodélico, considerando seus impactos sociais e culturais. A seguir, confira um resumo do que cada um espera para 2025.
‘A toca do coelho dos psicodélicos é mais complexa do que supomos’ Sandro Rodrigues, psicólogo e cofundador da APB (Associação Psicodélica do Brasil)