A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco pediu que a Comissão de Ética do PT instaure processo disciplinar contra o vice-presidente do partido, Washington Quaquá, pela defesa pública dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Os dois são apontados pela Polícia Federal como mandantes do assassinato de Marielle Franco, irmã da ministra.

Quaquá, que também é prefeito de Maricá (RJ), disse na semana passada que não há “nenhuma prova” contra a dupla. “Não sou um rato que se esconde no esgoto para fugir da luz. Eu tenho honra e não vou trocar a verdade por medo de prejuízos de imagem”, escreveu o petista nas redes sociais.

Antes de evocar a suposta inocência do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, o dirigente afirmou ter recebido “com muita dor no coração, mas muita consideração e solidariedade, a esposa e os filhos de Domingos Brazão” em sua residência.

“Inacreditável”, reagiu Anielle. A primeira-dama Janja da Silva e a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, também se manifestaram, afirmando que o posicionamento do correligionário era desrespeitoso com a memória das vítimas. Procurado, Quaquá disse a CartaCapital na semana passada que “não tolera injustiça seja contra quem for”.

Na representação enviada ao Conselho, a ministra defende que o partido repudie “toda e qualquer tipo de tentativa de desqualificar e deslegitimar a luta por justiça liderada por familiares de Marielle e Anderson e os contínuos esforços de atores do sistema de justiça e governo federal que buscam a elucidação” do crime.

Também pede que as declarações de Quaquá sejam “averiguadas e responsabilizadas de acordo com o estatuto do Partido dos Trabalhadores, tendo em vista toda contradição de seus atos com o cargo que ocupa na direção executiva”. O prefeito disse à reportagem que não comentará a representação por considerá-la “descabida”.

Anielle filiou-se ao PT no ano passado, na esteira das discussões sobre uma possível indicação da sigla na chapa encabeçada pelo pessedista Eduardo Paes, candidato à reeleição no Rio de Janeiro. Seu nome foi preterido, mas dirigentes partidários defendem que a ministra dispute uma cadeira no Senado em 2026.

O assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes ocorreu em março de 2018. Chiquinho e Domingos Brazão estão presos por terem encomendado sua morte. As investigações da PF apontam que o motivo do crime foi a atuação parlamentar da vereadora do PSOL em regiões de milícia onde os irmãos atuavam.

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Last Update: 16/01/2025