Enquanto o mundo marcha rumo a um cenário de conflito global, com os principais países imperialistas reforçando suas máquinas de guerra e impondo uma política repressiva severa, incluindo um fortalecimento inédito da censura, o Brasil toma um rumo cada vez mais preocupante. A sequência de capitulações de seu governo às exigências do imperialismo crescem, culminando na proposta de criação de uma Frente Internacional contra Desinformação, resultante do anúncio do bilionário proprietário da Meta, empresa que controla as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp, entre outras plataformas digitais. Com isso, alinha totalmente o governo brasileiro à política imposta pela ditadura mundial e que só a ela interessa.
Felizmente, nem todos os países adotam a mesma política. Na América Latina, países como a Venezuela resistem, enfrentando com muito sucesso até aqui um golpe de Estado orquestrado pelos EUA. Tendo assumido seu terceiro mandato no último dia 10, a posse do líder bolivariano Nicolás Maduro se deu em meio ao Festival Internacional Antifascista, evento que reuniu 200 delegados oriundos de mais de 120 países em Caracas, a capital venezuelana.
Ainda, enquanto no Brasil o antifascismo ganhou contornos de uma política abstrata o bastante para inclusive beneficiar o fascismo, no Festival ocorrido em Caracas, o conteúdo político é claro, como destaca um dos participantes ouvido pelo sítio da revista de esquerda Brasil de Fato:
“Uma coisa que temos que dizer é que não só os Estados Unidos, mas o Ocidente em geral permanece junto para combater a nossa frente de esquerda. E, quando estamos juntos, nós temos capacidade de enfrentar esse bloco extremista e de apoiar qualquer país que determina sua própria política e seu próprio destino.”
O autor da declaração foi identificado pelo órgão esquerdista brasileiro como Adrian Odle, professor de Direito no St. Vincent and the Grenadines Community College. A despeito de algumas confusões, a declaração demonstra muito mais consciência política, na medida em que não dissocia o fascismo do imperialismo (“Ocidente”, como diz o entrevistado). Ao contrário, a fala de Odle mostra que nem todos na esquerda caíram na esparrela da disputa entre “democracia e fascismo”.
O mesmo não pode ser dito da esquerda brasileira. Graças às sucessivas concessões feitas pelo governo aos setores da direita tradicional alinhados ao governo para tentar usufruir da autoridade moral do PT junto aos trabalhadores. Unidos pela chamada frente ampla, o alinhamento do governo com o imperialismo termina refletindo, por exemplo, na criação de um ambiente cada vez mais repressor, o que acaba de ganhar um reforço imenso com a proibição do uso de celulares pelos jovens e termina colocando o povo brasileiro em uma situação na qual resistir à ferocidade da ditadura mundial será um desafio para s trabalhadores.
O governo brasileiro, por outro lado, segue um caminho oposto, alinhando-se aos ataques às liberdades democráticas para que o povo consiga se organizar para lutar, endossando a campanha de histeria da “defesa da democracia” que na realidade, nada mais é do que a defesa da ditadura imperialista. Com isso, volta suas armas contra aqueles que deveriam ser seus aliados naturais: os trabalhadores da cidade e do campo, e a juventude.
Na tentativa de aliviar as pressões sofridas pelo imperialismo, o governo brasileiro escolhe ceder às chantagens dos países desenvolvidos e atingir seus próprios aliados, o que enfraquece sua base de apoio e abre espaço para que a extrema direita ataque.
Ocorre que não é possível combater o avanço reacionário com medidas que o fortalecem, seja na economia, onde o Plano Haddad faz a festa dos banqueiros cortando da população, seja na inércia diante do aparelhamento do Estado por agentes do Mossad e da CIA. A repressão aos setores populares, a censura e a submissão às chantagens impostas pelos países desenvolvidos são a receita perfeita para o fracasso do governo e uma catástrofe contra os trabalhadores.
Em um momento marcado pela polarização crescente em todo o mundo, com as contradições entre o imperialismo e os povos oprimidos se acirrando, é urgente que o Brasil adote uma postura firme em defesa de sua soberania e dos interesses populares. Isso implica romper com as amarras impostas pelos países imperialistas e enfrentar as chantagens sofridas por meio do estreitamento da aliança com a classe trabalhadora, hoje escamoteada e desmoralizada pela política derrotista da frente ampla, mas que atenderá ao chamado para lutar pelos interesses progressistas do povo brasileiro: verdadeiro desenvolvimento econômico, mais empregos (empregos de verdade e não bicos), salários equiparados ao mínimo vital e mais direitos. Foi por esses interesses que o povo brasileiro elegeu o presidente Lula em 2022.