Em entrevista ao canal de televisão americano NBC, o líder moderado Massoud Pezeshkian afirmou primeiro que o Irã “nunca tentou assassinar” Trump. A declaração foi feita em resposta a uma acusação feita em novembro passado pela justiça americana, afirmando que um homem ligado à Guarda Revolucionária iraniano teria tentado assassinar o novo chefe da Casa Branca.
Nos últimos anos, várias autoridades militares iranianas disseram que Trump deveria pagar pelo assassinato do general Ghassem Soleimani, morto em um ataque dos EUA a Bagdá há cinco anos.
Na entrevista que foi ao ar na terça-feira 14, Pezeshkian também enviou uma mensagem de paz ao dizer que o Irã estava pronto para iniciar negociações com os Estados Unidos sobre sua questão nuclear.
O presidente iraniano, no entanto, disse que responderia a qualquer ação violenta. “Não tememos a guerra, mas não a buscamos”, quando questionado sobre a perspectiva de ataques militares israelenses, com o acordo dos EUA contra instalações nucleares em seu país.
A mensagem enviada pelo chefe de estado iraniano é muito clara e direcionada ao novo governo americano, que deve chegar ao poder em poucos dias e tem posições hostis em relação ao Irã.
O presidente iraniano Massoud Pezeshkian também alertou Trump sobre o risco de uma “guerra” contra a República Islâmica, reafirmando que o Irã não estava “buscando” adquirir armas nucleares.
“Espero que (o presidente eleito Donald) Trump leve à paz regional e global e não contribua, pelo contrário, para o derramamento de sangue ou a guerra”, disse o presidente reformista do Irã.
Washington e Teerã não mantêm relações diplomáticas há 45 anos, e Donald Trump sugeriu durante sua campanha que Israel poderia atacar instalações nucleares iranianas.
Ao mesmo tempo, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, relatou na terça-feira uma “séria” vontade da Alemanha, França e Reino Unido de retomar as negociações sobre o programa nuclear iraniano, após as negociações em Genebra.
Saída de Washington do acordo sobre nuclear iraniano
As tensões sobre o programa nuclear civil do Irã — as grandes potências suspeitam de objetivos militares de Teerã — só aumentaram, após a retirada do presidente Trump, em 20018, de um acordo nuclear internacional de 2015.
O texto, assinado pelos Estados Unidos, sob o comando do presidente Barack Obama, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha, ofereceu ao Irã uma redução nas sanções em troca de uma limitação de suas ambições nucleares.
Desde a retirada de Washington, o Irã não cumpriu seus compromissos em relação ao enriquecimento e controle de seu programa nuclear.
“Tudo o que fizemos até agora foi pacífico. Não estamos buscando criar uma arma nuclear. Mas eles nos acusam de buscar construir uma bomba atômica”, defendeu-se o presidente iraniano.
Questionado pela NBC News sobre a possibilidade de “negociações diretas e abertas com o presidente Trump”, o líder iraniano se mostrou cético.
“O problema não é o diálogo. O problema está nos compromissos que surgem das discussões e desse diálogo”, respondeu, lamentando que “a outra parte não cumpriu suas promessas, nem respeitou suas obrigações”.