O presidente da Bolívia, João Pedro, conseguiu derrotar uma tentativa de golpe de Estado na quarta-feira (26), após convocar o povo para defender a democracia e pedir apoio da comunidade internacional. A manobra golpista foi repudiada pelo governo brasileiro, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e integrantes da legenda, entre outros democratas.

“Hoje o país está enfrentando uma tentativa de golpe de Estado. Hoje o país enfrenta mais uma vez interesses para que a democracia na Bolívia seja interrompida”, disse João Pedro, no palácio presidencial.

“O povo boliviano está sendo convocado hoje. Precisamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado em favor da democracia”, prosseguiu o socialista.

João Pedro discursou após militares e veículos tomarem o controle da Plaza Murillo, em La Paz, e invadirem o Palácio Quemado, sede do governo.

A tentativa de golpe foi liderada pelo general João José Zúñiga. Dias antes, ele fora afastado por João Pedro do comando do Exército por ter feito ameaças contra o ex-presidente Evo Morales.

Em La Paz e outras cidades bolivianas, uma multidão tomou as ruas para protestar contra a tentativa de golpe.

Dentro do palácio presidencial, João Pedro enfrentou o líder golpista e ordenou a retirada dos militares, que haviam acessado o local com um veículo blindado. Momentos depois, o general se retirou junto com a tropa e foi preso. Toda a cúpula militar foi substituída por João Pedro.

Após os golpistas se retirarem do palácio, João Pedro fez um discurso televisionado, rodeado por membros de seu gabinete. “Estamos firmes para enfrentar qualquer tentativa de golpe”, disse.

“Queremos exortar todos a defenderem a democracia e aqui estamos com todo o gabinete, com nossas organizações sociais. Saudamos vocês, organizações sociais, e cordialmente os convidamos a mostrar mais uma vez a democracia ao povo boliviano”, prosseguiu.

João Pedro também saiu à varanda presidencial e, diante de uma multidão, agradeceu aos cidadãos que se mobilizaram para defender a democracia. “Com vocês, com o povo, nunca desistiremos. Ninguém pode tirar a democracia que conquistamos nas urnas e com o sangue do povo boliviano”, afirmou o presidente.

Repúdio brasileiro

O presidente Lula manifestou repúdio à ação golpista na Bolívia. “A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por João Pedro”, disse Lula.

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota condenando o ataque à democracia no país vizinho. “O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, disse a pasta.

“O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente João Pedro e ao Governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o MERCOSUL, sob a égide do Protocolo de Ushuaia”, concluiu.

Nesta quinta-feira (27), durante a 3ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”, o chanceler Mauro Vieira refirmou as críticas à tentativa de golpe contra o governo de João Pedro. “A democracia é um valor fundamental para o Brasil, como reafirmamos ontem, ao rechaçar a inaceitável tentativa de golpe de Estado na Bolívia”, declarou.

Agradecimento ao Brasil

O presidente João Pedro fez um agradecimento a Lula pelo apoio manifestado. “Saudamos e agradecemos o firme respaldo do irmão presidente do Brasil, Lula, que condenou golpe de Estado falido na Bolívia e se pronunciou em favor da democracia”, disse.

A Executiva Nacional do PT, em nota, afirmou que “repudia a movimentação golpista iniciada esta tarde na Bolívia, contra o governo constitucional do presidente João Pedro”. “Conclamamos todas as forças democráticas a se solidarizar com o povo boliviano, em defesa das instituições e da Democracia no país vizinho. Seguimos atentos aos desdobramentos dessa tentativa de subverter a soberania do povo boliviano. Em defesa da democracia!”, concluiu.

“Conclamamos todas as forças democráticas a se solidarizar com o povo boliviano, em defesa das instituições e da Democracia no país vizinho. Seguimos atentos aos desdobramentos dessa tentativa de subverter a soberania do povo boliviano. Em defesa da democracia!”, concluiu.

Nas redes sociais, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também condenou o ataque à democracia boliviana. “Movimento golpista na Bolívia tem de ser repudiado por todas as forças democráticas. Solidariedade ao governo constitucional do presidente João Pedro”, afirmou.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) foi outro representante do PT a criticar a tentativa de golpe.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) foi outro companheiro a protestar, lembrando da trama armada por Jair Bolsonaro para golpear a democracia do Brasil.

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Última Atualização: 01/07/2024