Comentário ao post: “Quaquá está certo: os Brazão são bode expiatório de Carlos Bolsonaro, por Luís Nassif“
Vivendas da Barra é a grande ponta solta no caso Marielle, por jsfilho
Desde o início das investigações dois movimentos ficaram nítidos. O primeiro foi a ocultação de provas, incluindo aí a queima de arquivos (os vivos, principalmente). O segundo movimento foi o de achar um bode expiatório para levar a culpa. A série da Globoplay, baseada exclusivamente nos documentos da investigação, deixa esses fatos bem evidentes.
Foi um crime muito bem planejado, sofisticado, com apoio de agentes públicos. O que os mandantes do crime não contavam foi a imensa comoção nacional e internacional que se deu em torno do caso. A prisão dos executores só foi possível graças a isso.
Os executores negaram o crime até o momento da derrota eleitoral do Bolsonaro, de quem certamente esperavam um indulto. Talvez até soubessem que havia um golpe sendo articulado. Fechada essa porta de saída, resolveram colaborar fazendo a delação que incrimina o Brazão.
Brazão nunca foi santo. Miliciano de conhecida atuação em Jacarepaguá. Acusá-lo de ser o mandante seria algo bem factível.
Os executores sabem que terão uma longa temporada na cadeia. Podem apodrecer lá dentro. Quiça “eliminados”. Porém, com uma condenação de um mandante, podem sonhar com o indulto se o neofascimo retornar ao poder (o retorno de Trump lhes dá esperanças).
Pode ser que o Brazão seja realmente o culpado. Seria capaz disso, sem dúvida. Mas a grande ponta solta estão nos acontecimentos do dia do crime no Vivendas da Barra. As relações promíscuas da família Bolsonaro com o crime organizado das milícias são mais do que conhecidas.
O capitão Adriano foi executado. O porteiro sumiu. Salvo apareça algum fato novo daquele fatídico dia, o Brazão vai pagar o pato. Exceto se ele ou ex-delegado Rivaldo abrirem a boca (que poderá amanhecer cheia de formiga). Ou ainda uma confissão daquele general de quatro estrelas, que de tudo sabe, neste momento numa prisão VIP.
O fato do prefeito de Maricá levantar a defesa de um miliciano não deveria causar estranheza, pelo histórico do político. Tem um cálculo político aí (como teve o apoio à Daniela do Waguinho. Que me perdoem as freiras de bordel). Teorias da conspiração à parte, pode haver um grande acordo político nas sombras desse caso. O tempo dirá. Ou não.
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