Apresentado nesta segunda-feira 13 para iniciar sua quarta passagem como treinador do Atlético-MG, Cuca se pronunciou sem detalhes sobre sua condenação — anulada em 2023 — em um processo de estupro contra uma menina de 13 anos, na Suíça, em 1987.
À época jogador do Grêmio, ele foi condenado em 1989 a 15 meses de prisão e 8 mil dólares de multa. Chegou a ser preso por 30 dias, mas retornou ao Brasil enquanto o julgamento se desenrolava na Suíça. Outros três jogadores estavam envolvidos.
“Demorei muito tempo para falar daquele tema, e hoje eu abro falando dele. Eu demorei a ver meus defeitos. Eu tentava falar do Cuca e a sociedade queria saber da causa, do que eu,como homem, podia fazer”, disse o técnico nesta segunda. “Tenho trabalhado incessantemente para ser uma pessoa melhor, entender o tema, não só pelo Cuca, pelas minhas filhas, minha mãe, mas pelo respeito que as mulheres merecem. Estou aliado a isso.”
Cuca ainda declarou que o futebol “é muito machista” e que age “de forma discreta” para promover o respeito às mulheres. “Não sou de fazer propaganda”, alegou.
O caso voltou à tona em abril de 2023, após o Corinthians contratar Cuca, ocasião em que uma reportagem publicada por um jornal suíço em 1989 foi resgatada nas redes sociais. Além disso, o advogado da vítima, Willi Egloff, afirmou ao UOL que a menina reconheceu Cuca como um dos agressores e que o sêmen dele foi usado como prova.
Depois de deixar o Corinthians por causa do escândalo, Cuca contratou advogados no Brasil e na Suíça para solicitar um novo julgamento, sob o argumento de que não foi devidamente convocado pela Justiça do país para apresentar a sua defesa.
A decisão de reverter a condenação ocorreu em 28 de dezembro de 2023. A juíza Bettina Bochsler, porém, não entrou no mérito da questão: a ordem decorreu do entendimento de que o crime prescreveu, conforme recomendação do Ministério Público.
“O processo criminal contra Alexi Stival por fornicação e coerção com criança, supostamente cometido em 30 de julho de 1987, em Berna, será descontinuado, devido ao prazo de prescrição”, diz o documento.
Em uma decisão de 22 de novembro de 2023, a juíza já havia considerado que a sentença contra Cuca havia ocorrido “à revelia”, ou seja, sem a oportunidade de defesa. Naquele documento, a magistrada admitiu a reavaliação do processo, mas o procedimento ficou invalidado com a anulação da condenação.
A vítima, Sandra Pfäffli, morreu em 2002, aos 28 anos. Ela foi procurada pela Justiça quando já havia falecido. Um herdeiro foi localizado, mas não quis se tornar parte do processo.