Nos últimos anos, universidades ao redor do mundo têm sediado protestos e demonstrações em defesa da Palestina, sobretudo nos países imperialistas cujos regimes estão manchados de sangue, mas também de uma crescente repressão contra estudantes e professores que apoiam a causa. Casos recentes em instituições renomadas, como Columbia University e New York University (NYU), nos Estados Unidos, destacam uma tendência de um imperialismo em crise: a erosão da liberdade acadêmica e da expressão política em nome de supostas neutralidades institucionais – uma fachada do sionismo.
Katherine Franke, professora de Direito na Columbia University e defensora vocal dos direitos palestinos, anunciou recentemente sua saída da instituição após 25 anos de carreira. A decisão veio após uma investigação conduzida pela universidade que concluiu que seus comentários sobre estudantes israelenses violaram políticas internas. Franke havia criticado o comportamento de alguns estudantes israelenses que teriam assediado colegas palestinos no campus. O caso ganhou notoriedade após um incidente em que estudantes pró-Palestina foram atacados com uma substância química durante um protesto, atirado justamente para ferir – ou pior – os palestinos e norte-americanos pró-Palestina. Franke descreveu sua saída como “uma demissão disfarçada”, afirmando que o ambiente na universidade se tornou “tóxico e hostil”. Até organizações chapa branca como o Center for Constitutional Rights condenaram a decisão da Columbia, classificando-a como “um ataque flagrante à liberdade acadêmica e à defesa dos direitos palestinos”. A situação foi agravada pelo depoimento da então presidente da universidade, Minouche Shafik, em uma audiência no Congresso dos EUA, onde suas declarações sobre Franke foram extremamente difamatórias e até, em certo ponto, intimidatórias contra os colegas acadêmicos.
Na NYU, 11 estudantes foram suspensos por um ano após participarem de protestos não violentos contra o genocídio em Gaza. A manifestação incluiu a distribuição de panfletos e um “sit-in” no prédio administrativo da biblioteca. Segundo os organizadores, o objetivo era pressionar a universidade a divulgar informações sobre investimentos financeiros em empresas ligadas à ocupação israelense. Apesar das ações pacíficas, a administração considerou os atos como “coordenados e disruptivos”, impondo penalidades severas. Mas esses casos não são isolados. Em universidades como Harvard, Princeton e Brown, estudantes enfrentaram desde suspensões até a retenção de diplomas por participarem de manifestações pró-Palestina. Traçando um paralelo no Brasil, é como se um estudante da USP fosse impedido de ter seu diploma emitido pela universidade por participar de um ato convocado pelo PCO em defesa da resistência palestina. Em Harvard, por exemplo, alunos tiveram acesso negado à biblioteca principal após um protesto silencioso. Já na Brown University, o grupo Students for Justice in Palestine foi suspenso sob acusações farsescas de intimidação durante manifestações.
A repressão à defesa da causa palestina não se limita aos Estados Unidos. Na Austrália, universidades como Sydney e New South Wales informaram que estão “disciplinando” estudantes e professores envolvidos em protestos pró-Palestina. Em Sydney, a sociedade estudantil “Students for Palestine” foi suspensa sob alegações vagas de violação das políticas do campus. Na Europa, universidades no Reino Unido têm adotado medidas severas contra manifestações pró-Palestina. A tradicional Queen Mary University of London cancelou eventos relacionados à Palestina e abriu investifações contra acadêmicos sob acusações de antissemitismo baseadas em críticas ao governo israelense. Na Alemanha e França, autoridades universitárias colaboraram com investigações policiais para reprimir protestos estudantis.
Organizações como o European Legal Support Centre (ELSC) têm documentado casos crescentes de censura acadêmica em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o uso de leis antiterrorismo para justificar ações contra manifestantes universitários é particularmente alarmante, sobretudo por ser guiada, em grande parte, pelo Partido Democrata, o partido que possui relação direta com a ala majoritária do sionismo e que conta, infelizmente, com uma aproximação crescente com o Partido dos Trabalhadores. Em várias ocasiões, nos EUA, professores foram demitidos ou tiveram contratos encerrados por expressarem apoio à Palestina em sala de aula ou nas redes sociais. Enquanto isso, os protestos continuam sendo uma ferramenta poderosa para desafiar o imperialismo — mesmo diante da covarde repressão nos espaços que a própria burguesia vende como as bastiãs do pensamento crítico e da liberdade de expressão.