Em entrevista à Folha de S. Paulo, Rodrigo Tozzi, diretor de operações da Tools for Humanity (TfH) no Brasil, revelou que metade do fluxo da internet já é gerado por robôs, destacando a necessidade de ferramentas para diferenciar humanos de sistemas automatizados. “Robôs fazem tarefas repetidas, como dar likes e inserir comentários programados. Com o avanço da tecnologia, eles estão se tornando mais sofisticados e, em breve, ficarão ainda mais parecidos com humanos”, afirmou. A TfH é responsável pelo aplicativo World, criado pelo fundador do ChatGPT, Sam Altman, com o objetivo de certificar a humanidade de usuários.
A tecnologia utiliza o registro da íris, considerado um método confiável para identificar indivíduos de forma única. “Poderia ser a digital, mas ela muda com o tempo. O DNA seria o ideal, mas é invasivo demais. A íris é mais confiável e a chance de duplicidade é de uma em um bilhão”, explicou Tozzi. Após o registro em uma câmera esférica chamada Orb, os dados são criptografados, enviados ao telefone do usuário e apagados do sistema, garantindo a privacidade. “Não armazenamos informações pessoais. Apenas verificamos que o ser humano é único e validamos isso de forma segura”, disse.
No Brasil, mais de 400 mil íris já foram registradas em São Paulo, onde a empresa mantém três pontos de verificação. Quem aceita participar do projeto recebe até 50 tokens da criptomoeda WorldCoin por ano, o equivalente a R$ 300, que podem ser convertidos em dinheiro real. Tozzi destacou a dupla função do projeto: “Estamos criando uma rede de humanos e, ao mesmo tempo, promovendo inclusão financeira para pessoas não bancarizadas por meio da WorldCoin”.
A iniciativa visa, ainda, ajudar redes sociais a combaterem fake news e perfis falsos, problemas agravados pela ausência de controle em plataformas como X (antigo Twitter) e Meta. “Uma rede social pode interagir com nossa plataforma para verificar a humanidade dos usuários. Isso ajudaria a evitar a propagação de fake news e na moderação de conteúdo pelos próprios humanos”, afirmou Tozzi. A solução também poderia ser usada por bancos para prevenir a abertura de contas por robôs no futuro.
Questionado sobre o financiamento da operação, Tozzi revelou que a empresa arrecadou US$ 115 milhões em uma rodada de investimentos em 2023, com apoio de nomes como Blockchain Capital e Andreessen Horowitz. No entanto, a monetização do projeto ainda não está completamente definida. “Uma possibilidade seria cobrar pela interação da nossa plataforma com outras, como redes sociais ou bancos”, disse ele.
A coleta de dados gerou questionamentos sobre privacidade, mas Tozzi assegura que o sistema é seguro. As informações de verificação ficam armazenadas em servidores de universidades nos EUA e na Alemanha, mas, segundo ele, outras instituições, incluindo brasileiras, podem se juntar à rede. “Quanto mais nós na rede, mais segura ela se torna”, concluiu Tozzi, ressaltando o potencial do projeto para criar um impacto positivo em escala global.
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