Cinco incêndios ativos persistem na Califórnia, incluindo dois grandes. O fogo em Pacific Palisades destruiu todo o bairro de luxo às margens do oceano Pacífico. Mais de 5.000 edifícios viraram cinzas e a situação está longe de estar sob controle.
Uma imensa coluna de fumaça continua a pairar acima das colinas, apesar da ação de aviões que despejam água ou produtos químicos para diminuir as chamas. Em Santa Monica, o francês Claude Budin-Juteau conta ao enviado especial da RFI a Los Angeles, Guillaume Naudin, como começou o drama: “Alguém disse: ‘Tem uma coluna de fumaça chegando, acontecendo agora mesmo sobre as colinas ali’’. Então ligamos para os bombeiros imediatamente. Era de fato o início do incêndio que se espalhou muito rapidamente”.
Onde ele mora, cinzas trazidas pelo vento se acumulam na entrada da sua casa. “Admito que nos últimos dois dias dormimos muito pouco porque os alertas eram emitidos a qualquer hora do dia e da noite, e geravam muita ansiedade”, explica.
O maior dos cinco incêndios ainda em andamento queimou mais de 20.000 acres (8.000 hectares) na costa de Malibu e no bairro nobre de Pacific Palisades, onde os bombeiros disseram que estavam começando a controlar as chamas. Entre as casas destruídas está a do ator Mel Gibson. Ele disse ao NewsNation que ficou arrasado com a perda de sua propriedade em Malibu.
O outro incêndio mais grave é o chamado incêndio “Eaton”, a nordeste da cidade. Ele devastou o bairro de Altadena e ainda ameaça Pasadena. Mais de 7.000 prédios foram danificados.
Hollywood a salvo
A boa notícia é que o incêndio que ameaçava diretamente o bairro de Hollywood foi extinto. A queda dos ventos facilita o trabalho dos bombeiros, mas eles ainda enfrentam dificuldades. Novas evacuações tiveram que ser ordenadas na área de Palisades à noite.
Diante da escala dos danos, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, pediu na sexta-feira “uma revisão independente completa” dos serviços de distribuição de água da cidade. O governante descreveu como “profundamente perturbadora” a falta de abastecimento de água e a perda de pressão nos hidrantes nos estágios iniciais dos incêndios, o que ajudou a propagá-los.
Diante do aumento de saques em áreas devastadas ou evacuadas, um toque de recolher rigoroso, em vigor entre 18h e 6h, foi declarado nas áreas de Pacific Palisades e Altadena, as mais devastadas. Pelo menos 11 pessoas morreram nos incêndios e áreas inteiras da segunda maior cidade dos Estados Unidos foram devastadas: mais de 10.000 prédios foram destruídos e mais de 14.000 hectares viraram fumaça.
“Isso me lembrou de uma cena de guerra, com bombardeios”, disse o presidente Joe Biden.
“Ainda muito perigoso”
A situação “ainda é muito perigosa”, alertou Deanne Criswell, da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA). Em toda a cidade californiana, dependendo das ordens recebidas — às vezes por engano –, as evacuações chegam a centenas de milhares de pessoas.
Soldados também foram mobilizados e dezenas de pessoas foram presas. Antes da decisão de impor o toque de recolher, os moradores improvisavam vigilantes e patrulhavam as ruas para proteger o que restava de seus bairros.
Embora seja muito cedo para saber a origem dos incêndios, surgiram críticas quanto à preparação e resposta das autoridades. A chefe dos bombeiros, Kristin Crowley, disse à afiliada da Fox News, KTTV, que eles “ainda têm falta de pessoal, recursos e financiamento insuficientes”.
Autoridades da Califórnia pedem que os cidadãos poupem água, porque alguns tanques que abasteciam os hidrantes foram esvaziados durante o combate às chamas. A Autoridade Federal de Aviação (FAA) anunciou uma investigação depois que um drone atingiu e danificou um avião-tanque.
Donald Trump espalhou informações falsas em sua rede Truth Social, alegando que a Califórnia está ficando sem água por causa das políticas ambientais democratas que desviariam a água da chuva para proteger “peixes inúteis”. O presidente Joe Biden disse que “muitos demagogos” estavam tentando lucrar com informações erradas sobre o desastre.
Os incêndios florestais podem ser os mais caros já registrados: a AccuWeather estima que os danos e perdas totais estejam entre US$ 135 bilhões e US$ 150 bilhões.
Os ventos quentes e secos de Santa Ana que sopram atualmente são uma característica clássica dos outonos e invernos da Califórnia. Mas desta vez eles atingiram uma intensidade não vista desde 2011, segundo meteorologistas.
A região está saindo de dois anos muito chuvosos que deram origem a uma vegetação exuberante, agora seca pela falta de chuvas que dura oito meses. Cientistas apontam regularmente que as mudanças climáticas aumentam a frequência de eventos climáticos extremos.
Com informações da AFP
Originalmente publicado por RFI
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