A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mudou sua estratégia e decidiu abandonar os pedidos de impedimento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A mudança ocorre com a chegada do criminalista Celso Vilardi à equipe de defesa de Bolsonaro, segundo informações da colunista Malu Gaspar, do Globo. Vilardi, conhecido por sua atuação em casos como a Operação Lava Jato e o Mensalão, traz uma abordagem técnica e menos conflituosa com o STF.
“Ele tem uma relação ampla com a imprensa, com membros da Corte e inaugura um capítulo novo da defesa”, afirmou de forma reservada um aliado de Bolsonaro.
Vilardi já declarou a intenção de adotar um tom mais técnico e menos beligerante em relação ao STF, considerando que o confronto só agrava o ambiente e complica ainda mais a situação de Bolsonaro na Corte. A decisão de não insistir no afastamento de Moraes reflete essa nova postura, alinhada à ideia de “não contestar fatos consumados”.
Nos últimos 13 meses, o STF rejeitou dois pedidos de impedimento de Moraes apresentados por Bolsonaro. Um deles foi negado por 9 votos a 1 em dezembro do ano passado, enquanto outro ainda aguarda análise sem previsão de julgamento. A nova estratégia da defesa considera que a questão “já está decidida”, reconhecendo a inviabilidade de continuar nessa linha de atuação.
A tentativa de Bolsonaro de afastar Moraes do inquérito recebeu críticas de integrantes de sua própria base política e de outros investigados. Alegava-se que Moraes seria parcial por ser apontado como alvo do suposto plano golpista, mas o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, rejeitou o pedido, decisão posteriormente confirmada pelo plenário virtual, com apoio apenas do ministro André Mendonça.
Apesar de a estratégia anterior ter mobilizado a base bolsonarista, que enxergava Moraes como adversário, a defesa de Bolsonaro passou a focar em distensionar a relação com o STF.
Essa mudança ocorre em meio ao indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal em três inquéritos e à expectativa de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente denúncia formal, o que pode aumentar a chance de prisão do ex-presidente.