O indicador oficial de inflação do Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), terminou o ano em 4,83% em 12 meses, ligeiramente acima do número registrado no ano anterior, que foi de 4,62%.
O número está um pouco acima do teto da meta estipulada pelas autoridades monetárias, que é de 4,5%.
Considerando apenas os meses de dezembro dos últimos anos, o índice de dezembro último, de 0,52%, foi o menor em 6 anos.
Entretanto, o aspecto preocupante da inflação é que ela foi puxada pelo aumento no preço dos alimentos. Segundo o IBGE, a inflação dos alimentos fechou 2024 em 7,69%, contra 1,03% em 2023.
Mesmo assim, ela foi bem menor do que a inflação registrada nos anos de 2020 a 2022, quando oscilou de 8% a 14%.
O pico da inflação de alimentos, e mais especificamente da alimentação no domicílio (que é aquela baseada em compras no mercado), aconteceu em novembro, quando chegou a 1,81% no mês; em dezembro, a inflação de alimentos no domicílio caiu para 1,19%.
A inflação fora do domicílio, porém, vem crescendo sem parar desde outubro, e fechou dezembro também em 1,19%.
Por outro lado, vendo o quadro com mais distanciamento, a inflação de 2024 ficou bem abaixo da média dos últimos 20 anos, que foi de 5,69%.
Pelo gráfico se vê que a inflação desses dois primeiros anos do governo Lula, 2023 e 2024, foi bem abaixo dos níveis observados nos dois úlitmos anos de Bolsonaro.
Aliás, a média da inflação nos dois primeiros anos de Lula ficou em 4,73%, contra uma média de 6,17% nos 4 anos de Bolsonaro.
Abaixo, o texto divulgado há pouco pelo IBGE:
IPCA em dezembro vai a 0,52% e acumula 4,83% em 2024
Em dezembro de 2024, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,52%, ficando acima da taxa de novembro (0,39%), embora tenha permanecido abaixo da taxa registrada em dezembro de 2023 (0,56%). Com isso, o índice oficial de inflação do país fechou o ano acumulando alta de 4,83%, superando em 0,21 ponto percentual (p.p.) o IPCA de 2023 (4,62%) e ficando 0,33 p.p. acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Os maiores impactos sobre a inflação de 2024 vieram do grupo Alimentação e Bebidas, que acumulou alta de 7,69% em 12 meses e contribuiu com 1,63 pontos percentuais para o IPCA do ano. Além disso, as elevações acumuladas nos preços dos grupos Saúde e cuidados pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%) também tiveram impactos significativos (de 0,81 p.p. e 0,69 p.p., respectivamente) sobre o IPCA do ano. Juntos, esses três grupos responderam por cerca de 65% da inflação de 2024.
Gasolina exerceu o maior impacto individual sobre a inflação de 2024
Entre os 377 subitens que têm seus preços considerados no cálculo do IPCA, a gasolina exerceu o maior impacto (0,48 p.p.) individual sobre a inflação de 2024, acumulando alta de 9,71% no ano. Em segundo lugar, veio o subitem Plano de Saúde, que subiu 7,87% em 12 meses e contribuiu com 0,31 p.p. para o IPCA de 2024. A seguir, veio o subitem Refeição fora do domicílio, que acumulou alta de 5,70% em 12 meses, com impacto de 0,20 p.p. no IPCA do ano.
Outro subitem em destaque foi o Café moído, que exerceu o quarto maior impacto individual sobre a inflação do ano passado (0,15 p.p.) e acumulou alta de 39,60% em 2024.
Por outro lado, subitens com preços mais voláteis, como as Passagens aéreas, ajudaram a puxar o IPCA do ano para baixo, com queda acumulada de 22,20% em 2024 e impacto de -0,21 p.p. no IPCA de 2024. Da mesma forma, o Tomate e a Cebola fecharam o ano acumulando queda de preços (-25,86% e -35,31%, respectivamente) e ambos tiveram o mesmo impacto (-0,07 p.p.) sobre a inflação de 2024.
Para Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, “o índice foi puxado pela alta dos itens alimentícios, que sofreram influência de condições climáticas adversas, em vários períodos do ano e em diferentes localidades do país. Além disso, assim como em 2023, a gasolina foi responsável pela maior contribuição no indicador em 2024”.
São Luiz teve a maior inflação acumulada em 12 meses
Entre as 16 localidades onde o IBGE faz o acompanhamento semanal dos preços, São Luís (6,51%) teve a maior inflação acumulada em 2024, principalmente por causa das altas da gasolina (14,24%) e das carnes (16,01%). Belo Horizonte (5,96%) e Goiânia (5,56%) vieram a seguir.
Na região metropolitana de São Paulo, que representa 32,28% do IPCA do país, a inflação de 2024 fechou em 5,01%. No Rio de Janeiro, terceiro maior peso no IPCA nacional entre as localidades, a inflação de 2024 ficou em 4,69%.
O menor resultado foi em Porto Alegre (3,57%), sob influência das quedas locais nos preços da cebola (-42,47%), do tomate (-38,58%) e das passagens aéreas (-16,94%).
INPC fecha o ano em 4,77%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos, teve alta de 0,48% em dezembro e ficou 0,15 p.p. acima do resultado de novembro (0,33%). Em dezembro de 2023, o INPC havia sido de 0,55%. Em 2024, o INPC fechou em 4,77%, puxado, principalmente, pelo grupo Alimentação e Bebidas, que acumulou alta de 7,60% em 12 meses, gerando um impacto de 1,83 p.p. sobre o INPC do ano.
O segundo maior impacto no INPC de 2024 (0,74 p.p.) veio do grupo Transportes, que acumulou alta de 3,77% em 2024.
Para Fernando Gonçalves, os grupos de bens e serviços pesquisados se comportaram de maneira similar nos dois índices, INPC e IPCA. “Diferenças podem ser observadas no impacto de alguns subitens, como, por exemplo, plano de saúde e passagens aéreas, que têm menos peso no orçamento das famílias com menor rendimento”.
Por Luiz Bello, na Agência IBGE.
10/01/2025 09h00 | Atualizado em 10/01/2025 09h00