O volume de dívidas renegociadas por meio de recuperações extrajudiciais atingiu R$ 37,4 bilhões em 2024.

Esse total envolveu 50 empresas e representou um aumento de 385% em relação a 2023. Os dados são do Observatório Brasileiro de Recuperação Extrajudicial (Obre), ligado à Biolchi Empresarial, em levantamento recente.

Esse crescimento reflete os impactos do cenário econômico atual, marcado por juros elevados que comprometem o fluxo de caixa das empresas.

Além disso, o modelo ganhou popularidade como alternativa para reestruturar finanças de maneira eficiente.

Casos recentes, como o da Casas Bahia, reforçam essa tendência. A adesão da empresa ao modelo ajudou a melhorar sua percepção no mercado financeiro.

Como funciona a recuperação extrajudicial

A recuperação extrajudicial permite que empresas negociem dívidas diretamente com credores, sem intervenção judicial.

De acordo com Benito Pedro Vieira Santos, da Avante Assessoria Empresarial, o processo é mais rápido e menos oneroso.

No modelo, a empresa elabora um plano de recuperação que precisa ser aprovado por pelo menos 50% dos credores.

Após a aprovação inicial, o plano é submetido à homologação judicial. Nesse momento, o juiz publica um edital convocando os demais credores para avaliar ou contestar o plano.

Esse plano inclui medidas específicas para reestruturar as dívidas e assegurar a continuidade das operações.

“A transparência e o cumprimento rigoroso do plano ajudam a restaurar a confiança no mercado”, explica Santos.

Mudanças trazidas pela legislação

A Lei nº 14.112/2020 trouxe alterações importantes ao processo.

Entre elas, a redução do quórum necessário para aprovar o plano de recuperação. Isso facilitou as negociações e ampliou o acesso ao modelo para mais empresas.

Entretanto, Santos alerta que convencer credores a aceitar o plano continua sendo um dos maiores desafios.

O restabelecimento da confiança depende de ações concretas da empresa para demonstrar comprometimento com o plano.

Credibilidade e negociação

Edgard Lemos Barbosa, sócio da Barroso Advogados Associados, destaca dois fatores que sustentam o sucesso da recuperação extrajudicial.

O primeiro é a confiança, que depende da transparência das informações financeiras e operacionais da empresa.

O segundo é a negociação eficiente. A comunicação clara entre empresa e credores facilita acordos que beneficiem todas as partes envolvidas.

“A empresa precisa demonstrar comprometimento cumprindo rigorosamente o plano acordado”, observa Barbosa.

Auditorias fortalecem o processo

As auditorias externas têm um papel central na recuperação extrajudicial.

José Augusto Barbosa, da Audcorp, ressalta que balanços auditáveis e auditorias aumentam a transparência das informações financeiras.

“As auditorias permitem identificar irregularidades e orientam os gestores na definição de estratégias”, afirma Barbosa.

Além disso, as auditorias trazem credibilidade ao processo. Isso é essencial para negociações com credores, investidores e outros parceiros.

Com uma visão clara da situação patrimonial, os gestores podem adotar medidas mais precisas para superar a crise e garantir a continuidade das operações.

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Last Update: 10/01/2025