A Justiça de São Paulo decretou, na terça-feira 7, a prisão preventiva do guarda-civil municipal Henrique Marival de Sousa, que executou a tiros o secretário-adjunto da Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, na sede da prefeitura do município, na Grande São Paulo. Foram cerca de dez disparos de pistola .40 contra a vítima, que estava desarmada.
De acordo com testemunhas, o guarda-civil ficou furioso ao saber, durante uma reunião com o secretário, que deixaria de trabalhar na prefeitura e retornaria às atividades regulares da Guarda Civil Metropolitana. Até o fim do ano passado, Sousa integrava a equipe de segurança da então primeira-dama Aline Lins, esposa do ex-prefeito Rogério Lins (Podemos). Com a mudança, ele deixaria de trabalhar de segunda a sexta-feira, com jornada de 8 horas diárias, e passaria a atuar por 12 horas seguidas, com folga de 36 horas, sem garantir os fins de semana.
Inconformado, Sousa aguardou para ser atendido individualmente pelo secretário, que se recusou a discutir a decisão e chegou a se levantar da mesa para sair. Nesse momento, o guarda-civil efetuou os disparos e se trancou na sala com a vítima. A rendição foi negociada por quase duas horas. A Polícia Militar não teve pressa, porque sabia que a vítima já estava morta. Por meio de um equipamento que capta o calor, os negociadores constataram que havia apenas uma pessoa viva na sala: o próprio atirador.
Crianças poupadas
Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, um estudo da Auditoria Fiscal do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, revelou uma redução de 22,5% no número de crianças e adolescentes submetidos às piores formas de trabalho infantil. A maior queda ocorreu na faixa etária dos 5 aos 13 anos (46,8%). Houve ainda diminuição de 15% entre os adolescentes de 14 e 15 anos e de 16,5% entre aqueles com 16 e 17 anos. As piores formas de trabalho infantil estão elencadas no Decreto nº 6.481/2008, que regulamentou a Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho. A relação inclui atividades prejudiciais à saúde e à segurança dos menores.
Belo Horizonte/ Sob cuidados intensivos
Fuad Noman afasta-se da prefeitura após internação por pneumonia
Três dias após tomar posse para seu segundo mandato, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, do PSD, pediu licença de 15 dias para tratar complicações de uma pneumonia. Até o fechamento desta edição de CartaCapital, o político de 77 anos seguia internado na UTI do Hospital Mater Dei, onde recebe tratamento para um linfoma não Hodgkin, diagnosticado em junho de 2024. Com o afastamento, o vice, Álvaro Damião, do União Brasil, assumiu interinamente a prefeitura.
Devido a um quadro de insuficiência respiratória aguda, Noman chegou a receber ventilação mecânica e, com o perigo superado, ele foi extubado. Em boletim divulgado na terça-feira 7, o hospital informou que o paciente apresentou uma boa evolução clínica, com melhora nos parâmetros infecciosos. “O prefeito encontra-se lúcido e orientado”, dizia a nota.
Por recomendação médica, Noman participou da cerimônia de posse, em 1º de janeiro, de forma remota. Durante o evento na Câmara Municipal, Damião leu o discurso enviado pelo chefe do Executivo. Na ocasião, o hospital divulgou um comunicado informando que o prefeito apresentava quadro de imunossupressão, com “risco de contrair infecções” – o que, infelizmente, ocorreu no próprio ambiente hospitalar.
Geopolítica/ Internacional extremista
No Canadá, Trudeau joga a toalha. Na Áustria, os nazistas voltam
A iminente posse de Donald Trump nos Estados Unidos impulsiona uma nova maré extremista no mundo, em um realinhamento de forças. Na segunda-feira 6, o jovem, polido e moderado primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, apresentou sua renúncia após nove anos no cargo. Houve uma queda brusca no apoio do eleitorado ao Partido Liberal do premier e as pesquisas indicam uma preferência crescente pelos conservadores. As ameaças de retaliações econômicas de Trump tiveram, no entanto, um peso considerável na crise política canadense. No mesmo dia do anúncio, o republicano voltou a defender uma de suas inúmeras ideias estapafúrdias, a anexação do país vizinho. “Os EUA”, escreveu Trump na Truth Social, “não podem mais sofrer com os enormes déficits comerciais e subsídios que o Canadá precisa para se manter à tona. Justin Trudeau sabia disso e renunciou. Se o Canadá se fundisse com os EUA, não haveria tarifas.” Enquanto isso, na Áustria, as “barreiras sanitárias” foram demolidas. O presidente da República, Alexander Van der Bellen, incumbiu Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade, nazista, a tentar formar um novo governo, após o fracasso das negociações entre a direita tradicional e os social-democratas. É a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que os extremistas têm a oportunidade de liderar o país. A direita de “pelúcia” está de portas abertas. E recorre à mesma promessa falaciosa de conter os excessos fascistas. Sabemos onde tudo isso vai parar.
A semente do ódio
Jean-Marie Le Pen era, há muito, uma sombra de si mesmo. Vítima de um golpe perpetrado pela própria filha, Marine, que assumiu o comando da extrema-direita na França, Le Pen, ao longo dos anos, encapsulou-se em seu anacronismo. Ainda assim, viveu até os 96 anos para ver o fortalecimento de seus ideais não só na Europa, mas também no mundo. A morte na terça-feira 7, em uma casa de repouso, marca o fim de sua existência física. A semente plantada por ele tornou-se, porém, uma árvore frondosa e robusta escalada por Marine rumo à Presidência da República, sonho do pai frustrado cinco vezes pelos eleitores.
Publicado na edição n° 1344 de CartaCapital, em 15 de janeiro de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’