No dia 8 de janeiro de 2025, data em que a esq1uerda pequeno-burguesa decidiu festejar a política de frente ampla com os setores mais reacionários do regime, Alex Solnik, jornalista do Brasil 247, resolveu escrever um poeminha exaltando o que ele chama de “democracia”.
Solnik começa dizendo que “na democracia [,] você escolhe quem governa e por quanto tempo[.] na ditadura… a ditadura pode ser eterna”.
Nunca se soube de uma ditadura que fosse eterna, uma vez que nada na história humana é eterno. As coisas nascem, se desenvolvem, entram em declínio e se transformam em outra coisa. Seja como for, o que mais chama a atenção é a definição de Solnik de “democracia”. Segundo ele, o aspecto fundamental da “democracia” seria a escolha dos representantes, e não se a “democracia” é, conforme sua etimologia, um governo do povo.
Não faltam regimes nos quais, supostamente, o povo escolhe seus representantes. É o caso do Brasil, é o caso dos Estados Unidos, é o caso da França etc. Em nenhum desses, no entanto, pode-se dizer que o regime esteja de fato sob controle do povo. Pelo contrário: nos Estados Unidos, o regime escraviza a própria população para financiar guerras genocidas em todo o mundo. No Brasil, o presidente que o povo escolheu não tem pode governar, pois é impedido pelas instituições “democráticas”. Na França, o presidente Emmanuel Macron vem se sustentando com um golpe após o outro.
Chamar de “democracia” o país que tenha eleições é um critério bastante vago. E que é utilizado pelo imperialismo para esconder o verdadeiro conteúdo desses regimes. Para o imperialismo, “Israel” é “a única democracia do Oriente Médio”. A Ucrânia, onde o presidente já teve o seu mandato expirado, também seria uma democracia, sabe-se lá por que.
Solnik segue, então, dizendo que “se a ditadura tranca o prédio a cadeado [,] não há o que fazer [:] ninguém chia[.] qualquer ditadura é pior que qualquer democracia”.
Haver ou não protestos depende muito mais da correlação de forças entre as classes do que propriamente do que do tipo de regime. O Brasil, para Solnik, é uma “democracia”. No entanto, os trabalhadores são constantemente aterrorizados pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), o que os impede de fazer greves.
Dizer que “qualquer ditadura é pior que qualquer democracia” é um delírio. Significa dizer que o governo israelense é melhor que o governo cubano – afinal, para o imperialismo, Cuba vive sob uma ditadura. Significa dizer que os Estados Unidos, responsáveis pela esmagadora maioria dos crimes contra a humanidade, são mais democráticos do que qualquer regime asiático ou qualquer regime latino-americano.
Sonlik, ao elogiar a “democracia”, está, no final das contas, elogiando o imperialismo. Está capitulando vergonhosamente diante dele.