O programa TVGGN 20H da última terça-feira (7) contou com a participação do professor dos programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da UERJ, Elias Jabbour, para comentar as oportunidades que o Brasil perde ao não aderir à Rota da Seda proposto pela China.
Ex-assessor de Dilma Rousseff no Banco dos Brics, Jabbour defende uma agenda clara do Brasil em relação ao tigre asiático, uma vez que a China é conhecida por estabelecer parcerias “em condições de igualdade”.
“Tenho muito claro na minha cabeça que o futuro do Brasil depende muito da abordagem que nós teremos em relação à China. Sempre tenho dito que a relação com a China é tão estratégica para o Brasil em termos de um país que ou se reindustrializa ou desaparece, porque nenhum país sem indústria, sem sistema financeiro, sem forças armadas é respeitado no mundo”, observa o professor.
Segundo o também ex-Brics, a China oferece uma série de possibilidades para o mundo e para o Brasil em particular. “Acredito, de forma muito tranquila, que precisamos aproveitar as tendências que o desenvolvimento chines nos entrega, principalmente com a janela externa para o nosso processo de reindustrialização, que poderia ser encaminhado com mais rapidez caso o Brasil tivesse aderido à Nova Rota da Seda.”
Assim, Jabbour afirma que foi um erro do governo federal não aderir à proposta para buscar o chamado equilíbrio entre China, Estados Unidos e Europa enquanto parceiros comerciais.
“O que vejo no sul global é que a China é quem está entregando possibilidades, porque a Rota da Seda não é somente uma iniciativa de investimentos em infraestrutura e de investimentos estrangeiro direto da China. É uma iniciativa pela qual os países que aderem à iniciativa demandam da China os investimentos”, continua o entrevistado.
Além de investimentos em infraestrutura, o tigre asiático oferece ainda “um guarda-chuva de possibilidades”, entre elas mais acordos de cooperação industrial.
Uma demonstração da disponibilidade da China em fechar bons negócios para ambos os envolvidos está no acordo para compra de lítio de países africanos.
“O Zimbábue exigiu da China não mais ser exportadora de lítio in natura, mas sim que a China fosse obrigada a processar em seu território o lítio. O Zimbábue é um dos países mais sancionados do mundo e a China aceitou essa imposição, assim como tem aceito o clamor africano por industrialização”, exemplifica o docente.
Ainda assim, no Brasil, até mesmo dentro do governo, o tigre asiático é visto com desconfiança. Consequentemente, não há propostas de cooperação e negócios com a China, que deveriam ser discutidas de forma ampla e aberta há muito tempo, na visão de Elias Jabbour.
“A construção de uma agenda brasileira para a China deveria ser uma construção muito mais ampla do que tem sido. Na universidade, por exemplo, não se discute uma agenda nacional e qual o papel da China nessa agenda”, defende o ex-Brics.
Confira a entrevista na íntegra em:
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