A atriz Fernanda Torres fez história no último domingo (5) ao vencer o Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz de Drama com o filme Ainda Estou Aqui. A conquista movimentou as redes sociais, fez com que os brasileiros torcessem por ela como torcem pelos jogadores da Seleção e também teve repercussão mundial. 

Em uma entrevista, Fernanda disse esperar que o prêmio impulsione a arte brasileira. Afinal, a arte sempre esteve na vida da atriz, cuja família é, majoritariamente, composta por artistas. 

A própria Fernanda tem uma longa carreira na TV, cinema e teatro. Filha de atores, iniciou a carreira artística ainda aos 12 anos, quando entrou para o Tablado, tradicional espaço de formação de atores, de Maria Clara Machado.

No cinema, estreou aos 17 anos, em 1983, no filme Inocência, romance baseado na obra de Visconde de Taunay.

Eu sei que vou te amar, de 1986, lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes.

Mas além de Ainda Estou Aqui, que levou mais de 2,5 milhões de brasileiros ao cinema, Fernanda levou multidões ao teatro. O monólogo A Casa dos Budas Ditosos, baseado no romance homônimo de João Ubaldo Ribeiro, foi visto por mais de dois milhões de espectadores.

Na televisão, participou das séries Os Normais e Tapas & Beijos, cujos cortes viralizaram nas redes sociais e transformaram a atriz em um meme e fez com que ela se tornasse cada vez mais popular entre as novas gerações. 

Fernanda Montenegro

Um dos maiores ícones do cenário artístico nacional, Fernanda Montenegro, de 95 anos, é conhecida como “Grande Dama” da arte brasileira, graças à extensa e premiada carreira no teatro, cinema e televisão. 

Mãe de Torres, a conquista mais recente da atriz foi a entrada no Livro dos Recordes ao apresentar, para 15 mil pessoas no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, textos filosóficos de Simone de Beauvoir – recorde este que poderia ter sido ainda maior, uma vez que os ingressos se esgotaram em minutos. Para Montenegro, o encontro realizado em 18 de agosto foi um “grande encontro de arte e educação”.

Fernanda foi, ainda, a primeira brasileira a ser premiada pelo Emmy Internacional, em 2013, pela atuação na série Doce de Mãe. 

Sua atuação no filme Central do Brasil, como Dora, lhe rendeu indicações ao Oscar (Melhor Atriz) e ao Globo de Ouro (Melhor Atriz de Drama). 

Montenegro também ocupa a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL), depois de publicar o livro de memórias Prólogo, ato, epílogo (Cia. das Letras). Ela também é a mulher mais admirada do país, de acordo com a pesquisa do Instituto Qualibest.

Fernando Torres

Assim como a mãe, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres também é escritora. Autora de Fim, A glória e seu cortejo de horrores e Sete anos, a também atriz passou a escrever como alternativa à carreira que herdou dos pais. 

“Eu (conheci) a crise dos trinta, quando comecei a escrever, meio arrependida de ter seguido a profissão dos pais. (…) Fui buscar uma alternativa nas letras, para não ter mais que me maquiar. (…) Eu não passei pelo trauma da carreira mirim, embora tenha começado cedo, mas cresci com o peso de que jamais me igualaria à minha mãe, e isso carregando o nome dela. Já nasci perdendo, Selton”, disse Fernanda a Selton Mello em um texto na biografia do ator, Eu me lembro.

Fernando Torres, seu pai, também era uma referência do teatro. Apesar de ser formado em medicina, encontrou no teatro sua verdadeira vocação. 

Também foi diretor e dublador. Estreou na TV, como ator e diretor em 1965, dirigindo Paixão de Outono, uma das primeiras produções de teledramaturgia da TV. Atuou ainda em Baila Comigo (1981) e Laços de Família (2000).

Fernando Torres morreu em setembro de 2008, vítima de um enfisema pulmonar. “Sem Fernando, a minha vida não se cumpriria. Do nosso mais profundo pacto de existir, vieram dois filhos maravilhosos, que também são referências dentro do nosso processo artístico. Tenho que agradecer, viu, Fernando, a você”, afirmou Fernanda Montenegro, no especial Tributo, lançado para homenagear a atriz no aniversário de 95 anos.

Em sua última obra, o filme Redentor, trabalhou em família. Contracenou com Fernanda Montenegro o roteiro escrito pela filha, Fernanda Torres, e sob a direção do filho mais velho, Cláudio Torres. 

Cláudio Torres

Irmão mais velho de Fernanda Torres, Cláudio também não escapou da vocação da família. Mas, em vez da atuação, trabalha atrás das câmeras. Cineasta, ele é sócio da Conspiração Filmes e atua, desde 1991, na produção de grandes obras do cinema nacional, como Auto da Compadecida 2, Gonzaga – De Pai para Filho e 2 Filhos de Francisco.

Cláudio trabalha com o cunhado, o também cineasta, diretor, produtor e roteirista tanto no cinema quanto na publicidade Andrucha Waddington, marido de Fernanda Torres. 

Andrucha dirigiu o clássico Eu Tu Eles, de 2000, os documentários de Maria Bethânia e Gilberto Gil, além da Sob Pressão, obra que lhe rendeu o prêmio APCA em 2019.

Joaquim e Antonio Waddington, filhos de Fernanda e Andrucha, também já são atores. 

Já Ricardo Waddington, irmão de Andrucha, é diretor de televisão.

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Last Update: 06/01/2025