O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (6) sua renúncia após enfrentar uma queda significativa em sua popularidade e uma crise interna no governo que o enfraqueceu politicamente. Trudeau deixará o comando do Partido Liberal, mas permanecerá no cargo de primeiro-ministro até que seu partido designe um novo líder. Sua renúncia encerra quase uma década à frente do governo do Canadá, marcando o fim de uma era na política canadense.
Trudeau, de 53 anos, enfrentou uma série de desafios durante seu mandato iniciado em 2015. Inicialmente eleito com uma agenda progressista que promovia os direitos das mulheres e o combate às mudanças climáticas, seu governo conseguiu duas reeleições em 2019 e 2021.
“Desde 2015, lutei por este país, por vocês, para fortalecer e fazer crescer a classe média. Estamos em um momento crítico no mundo, e acredito que é hora de passar a liderança para alguém que possa conduzir o Canadá com renovada energia e apoio”, disse Trudeau em seu anúncio.
No entanto, a popularidade de Trudeau começou a declinar após escândalos relacionados a férias éticas e vídeos antigos em que aparecia em “blackface”, prática considerada racista por satirizar pessoas negras. Além disso, sua gestão foi marcada por uma forte subida de preços, escassez de moradias e a gestão controversa da pandemia da Covid-19, incluindo lockdowns e a obrigatoriedade de vacinas.
A crise interna se agravou em dezembro de 2024, quando Trudeau tentou destituir a ministra das Finanças e vice-primeira-ministra, Chrystia Freeland, após ela se opor às propostas de aumento de gastos públicos.
Freeland renunciou, acusando Trudeau de “truques políticos” e debilitando ainda mais sua posição. Desde então, dezenas de deputados e agrupamentos regionais do Partido Liberal exigiram sua renúncia, enquanto o líder do Partido Democrático Novo, Jagmeet Singh, prometeu apresentar uma moção de censura no Parlamento.
Paralelamente, a oposição conservadora, liderada por Pierre Poilievre, vem ganhando terreno nas pesquisas eleitorais, com os liberais em queda livre e perdendo apoio do eleitorado. As eleições estão previstas para ocorrer até outubro deste ano, e a renúncia de Trudeau pode acelerar a convocação do pleito para estabilizar o governo antes das eleições.
A relação entre Canadá e Estados Unidos também contribuiu para a crise política. Donald Trump, então presidente dos EUA, classificou Trudeau como persona non grata e ameaçou impor tarifas de 25% sobre importações canadenses, exacerbando as tensões bilaterais. Trudeau, por sua vez, enfrentou críticas internas e externas, culminando em uma relação diplomática tensa que impactou ainda mais sua popularidade.
Com sua saída, nomes como Dominic LeBlanc, atual ministro das Finanças, e Mark Carney, ex-governador do Banco do Canadá, são apontados como possíveis sucessores. A expectativa é que o novo líder do Partido Liberal consiga reconquistar a confiança do eleitorado e enfrentar os desafios econômicos e políticos que o país enfrenta.
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