O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, renunciou ao cargo e à liderança do Partido Liberal nesta segunda-feira (6), diante da crise interna do partido e da crescente popularidade que angariou nos últimos anos.
“Os canadenses merecem um candidato ‘real’ nas próximas eleições. Ficou óbvio para mim que, pelas batalhas internas no partido, eu não serei a melhor opção nesta eleição”, justificou o primeiro ministro.
Parlamentarista, o sistema do governo canadense precisa de composições com outros partidos para governar. Porém, pesquisas para as eleições legislativas, marcadas para 20 de outubro, indicam que os conservadores lideram as intenções de voto.
Assim, Trudeau vai permanecer no cargo até que o partido escolha um substituto capaz de reverter o quadro nos próximos 10 meses. “Sou um lutador. Importo-me profundamente pelos canadenses e por este país, e sempre me motivarei por esse interesse. Apesar disso, o parlamento está paralisado há meses após o maior mandato de minoria deste país.”
Impopularidade
O desempenho dos liberais nas intenções de voto pode ser explicado pela gestão de Trudeau, cuja impopularidade cresceu diante do aumento expressivo dos preços dos alimentos e da habitação. A imigração crescente para o país, que tem a população menor do que os paulistas (enquanto o Canadá soma 38,7 milhões de habitantes, o estado de São Paulo tem 44,42 milhões de habitantes de acordo com o IBGE), também é vista como um problema.
A crise política, porém, se arrasta desde dezembro, com a renúncia da vice-premiê e ministra das Finanças, Chrystia Freeland. Na época, ela alegou que as diferenças com Trudeau e a ameaça do presidente norte-americano Donald Trump em taxar em 25% os produtos canadenses tornaram sua continuidade no governo inviável, uma vez que 75% das exportações canadenses são destinadas aos Estados Unidos.
Trudeau também teve o desempenho no governo questionado depois que o país acumulou, em 2024, um déficit de US$ 43,4 bilhões (R$ 267 bilhões), número 50% maior que a estimativa para o ano. Com isso, a previsão de crescimento do PIB também foi reduzida de 1,9% para 1,7%.
Até 24 de março, os trabalhos do Parlamento estão suspensos para que o Partido Liberal indique um novo representante.
O primeiro-ministro tem 53 anos e chegou ao poder em 2015 após 10 anos de governo do Partido Conservador. Antes da atual crise, foi reeleito duas vezes e é um dos primeiros-ministros canadenses mais longevos.
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