No último sábado, 4 de janeiro, milhares de argentinos se reuniram em frente ao Centro de Memória Cultural Haroldo Conti para manifestar repúdio ao esvaziamento da Secretaria de Direitos Humanos e ao fechamento do icônico centro cultural. A decisão gerou uma onda de críticas por parte de organizações de direitos humanos e da sociedade civil.
No último dia de 2024, os trabalhadores da Secretaria de Direitos Humanos foram informados por meio de um comunicado do Secretário Alberto Baños, que anunciou o fechamento do Centro Cultural Haroldo Conti a partir de 2 de janeiro de 2025. Segundo Baños, a medida tem como objetivo “garantir uma reestruturação interna, reorganizar as equipes de trabalho e revisar a programação para o próximo ano”.
Além disso, Baños informou que será proibido o retorno de funcionários que não tenham aderido ao programa de aposentadoria voluntária promovido pelo Ministério da Justiça. As demissões foram criticadas como parte de uma política de desmonte de instituições ligadas à memória e aos direitos humanos.
Reação da Sociedade
Durante o protesto, Taty Almeida, representante das Madres de Plaza de Mayo – Línea Fundadora, condenou as ações do governo Milei, chamando-as de “desumanas”. Ela destacou o papel histórico do centro cultural na preservação da memória das vítimas da ditadura militar.
“Gostaria de perguntar a Milei e seus aliados se eles concordam com seus amigos genocidas que jogaram nossos filhos vivos no rio, sequestraram bebês e cometeram atrocidades contra milhares de pessoas.”
Mensagem de Cristina Kirchner
A ex-presidente Cristina Kirchner também se pronunciou por meio de um áudio reproduzido durante o ato. Kirchner relembrou a cerimônia de recuperação da antiga Escola de Mecânica da Marinha (ESMA) em 2004, um marco no compromisso com a memória e a justiça.
“Naquele lugar funcionou um verdadeiro campo de concentração durante a ditadura de 1976. Essa história não pode ser apagada, e é um lembrete de que a falta de empatia e a crueldade nunca devem prevalecer”, disse a ex-presidente.
Importância do Centro Haroldo Conti
Localizado na antiga ESMA, o Centro de Memória Cultural Haroldo Conti era um espaço dedicado à reflexão, à memória e à promoção dos direitos humanos. Por 16 anos, o centro realizou atividades culturais e educativas em um local marcado pelo passado sombrio da ditadura militar.
O fechamento do centro é visto como um retrocesso significativo na luta por memória, verdade e justiça. As organizações de direitos humanos planejam apresentar queixas em tribunais nacionais e internacionais contra a decisão do governo.