Criança palestina anda de bicicleta passando por tendas encharcadas durante uma tempestade de chuva em um acampamento. Foto: Divulgação

A crise humanitária na Faixa de Gaza ganhou contornos ainda mais dramáticos nesta semana com a morte de sete crianças devido ao frio intenso. Entre elas, o recém-nascido Jumaa al-Batran, que não resistiu às baixas temperaturas em um acampamento improvisado. A região, que está sendo devastada pelo genocídio perpetrado por Israel, enfrenta um inverno rigoroso que agrava as condições de vida já críticas.

Yahya al-Batran, pai de Jumaa, ainda tenta lidar com a perda do filho. “Estamos vendo nossos filhos morrerem”, desabafa o homem de 44 anos. Sua esposa, Noura, de 38 anos, descreve a luta para proteger os gêmeos prematuros em um abrigo improvisado em Deir el-Balah. Enquanto Ali, o irmão de Jumaa, permanece em uma UTI, a falta de recursos básicos como aquecimento e cobertores transforma cada noite em um desafio para a sobrevivência.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, o frio intenso é apenas um dos vários fatores que ameaçam a vida de milhares de crianças deslocadas. Sem infraestrutura adequada, muitas famílias enfrentam temperaturas abaixo de 10ºC em barracas feitas de materiais frágeis.

Edouard Beigbeder, diretor regional do Unicef, classificou as mortes como “evitáveis” e um reflexo das condições desesperadoras em Gaza. Ele alertou que, com a previsão de queda ainda maior nas temperaturas, mais vidas poderão ser perdidas. “É tragicamente previsível que mais crianças sucumbam às condições desumanas”, afirmou.

Barracas em um acampamento na Faixa de Gaza. Foto: Divulgação

A situação nos hospitais locais é igualmente alarmante. Em Khan Younis, a pequena Seela al-Fasih foi encontrada morta de hipotermia em um acampamento próximo à praia de al-Mawasi. O médico Ahmad al-Farra, do Hospital Nasser, explicou que a bebê de três semanas chegou ao hospital sem sinais vitais. Casos como o da criança se multiplicam, agravando a tragédia humanitária.

Desde o início do conflito, ataques a hospitais e instalações médicas reduziram drasticamente a capacidade de resposta do sistema de saúde em Gaza. Relatórios da ONU apontam para um colapso iminente, com escassez de medicamentos, combustível e profissionais. Desde outubro de 2023, pelo menos 27 hospitais foram atingidos em ataques israelenses, resultando na morte de 500 profissionais de saúde.

A precariedade dos acampamentos é agravada pelas condições climáticas extremas e pela falta de assistência humanitária. “A vida nas barracas é perigosa devido ao frio e à falta de fontes de energia”, enfatizou al-Farra. A previsão de mais chuvas e temperaturas em queda mantém as famílias em alerta constante.

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Last Update: 04/01/2025