do Vermelho
Queimadas em alta em 2024 reforçam desafios climáticos e ambientais no Brasil
por Lucas Toth
O ano de 2024 consolidou-se como um dos mais desafiadores para a preservação ambiental no Brasil, com 278.229 focos de incêndio registrados, segundo o BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O aumento de 46% em relação a 2023 fez deste o pior resultado desde 2010, evidenciando o impacto de uma combinação de fatores climáticos e estruturais.
Entre os biomas, a Amazônia e o Cerrado despontaram como os mais atingidos, respondendo por quase 80% das ocorrências. Na Amazônia, foram registrados 140.328 focos, o maior número desde 2007 e um aumento de 42% em relação ao ano anterior. No Cerrado, os 81.432 focos configuraram o pior cenário desde 2012, com crescimento de 60%. No Pantanal, o aumento foi ainda mais alarmante: 120%, alcançando 14.498 focos e agravando as condições de um bioma que ainda se recupera de incêndios históricos.
Especialistas apontam que a seca prolongada, intensificada pelo fenômeno climático El Niño, potencializou os impactos. Mas as dificuldades de combate aos incêndios também são reflexo de problemas que antecedem o clima. O desmonte de órgãos de fiscalização e a flexibilização de normas ambientais, predominantes até 2022, deixaram um legado de fragilidade estrutural para conter a destruição.
Diante do cenário crítico, o governo federal tem buscado reverter o quadro com uma série de iniciativas, como a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e a retomada de investimentos via Fundo Amazônia.
“O ano de 2025 se iniciará com a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo já em funcionamento, o que garantirá o fortalecimento da articulação junto a estados e municípios, fator crucial para alcançar respostas mais céleres em relação aos incêndios”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
O governo também têm colhido alguns resultados positivos. Em novembro de 2024, por exemoplo, o Inpe mostrou que houve redução da área desmatada na Amazônia. Dados do Prodes (Projeto do Sistema de Monitoramento dos Biomas Brasileiros) indicam que 6.288 km² de floresta foram desmatados ao longo de 2024, o que representa uma redução de 25,7% em relação a 2023, quando a Amazônia teve 8.174 km² quadrados de floresta desmatada.
Segundo o instituto, esse foi o menor índice de desmatamento em área total dos últimos 9 anos. Uma das metas do governo Lula é zerar o desflorestamento na Amazônia até 2030. Belém do Pará sediará a COP30, principal evento da ONU (Organização das Nações Unidas) para o clima, em novembro deste ano.
Em outra medida para conter a crise climática, o governo federal publicou em 24 de dezembro uma MP (Medida Provisória) para liberar crédito extraordinário de R$ 233,2 milhões para o atendimento da população atingida por incêndios e estiagem na Amazônia e no Pantanal.
Cerca de R$ 5,1 milhões serão destinados ao Ministério de Minas el Energia para ampliação e aprimoramento dos SAH (Sistemas de Alerta Hidrológico) em operação na região amazônica. A medida visa a mitigar os impactos da crise hídrica. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente usará R$ 118 milhões, por meio do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), para fortalecer a capacidade logística das equipes de fiscalização ambiental e das brigadas federais onde há maior incidência de focos de calor.
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