O membro do Diretório Nacional do PT e diretor da Fundação Perseu Abramo, Alberto Cantalice, utilizou seu perfil oficial no X para criticar o Partido da Causa Operária (PCO) por um artigo escrito pelo Diário Causa Operária (DCO), que criticava a defesa do arranjo derrotista da frente ampla, defendido por Cantalice.
“O inexpressivo PCO ataca novamente.
O PCO mais uma vez usa sua verborragia para me atacar. Eles que fazem coro com a extrema direita em ataques ao STF, resolveu agora investir contra Frente Ampla.
Em sua confusão teórico-ideológica, fruto da má interpretação do marxismo e do leninismo, confundem recorrentemente as questões táticas da questão estratégica.
Por isso escrevem tanta bobagem. Um pouco de leitura os faria bem.”
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o PCO e o DCO sempre foram opositores ferrenhos da tática da frente ampla, não sendo, portanto, uma política adotada “agora”. Desde o início da campanha presidencial de 2022, por exemplo, denunciamos que essa estratégia inevitavelmente amarraria o governo do PT à direita, e não a qualquer setor, mas ao mais ligado ao imperialismo.
Além disso, encabeçamos uma campanha ferrenha contra a frente ampla no âmbito das manifestações pelo Fora Bolsonaro em 2021. Alertamos que permitir a participação de elementos da “direita civilizada” nos atos que, naquele momento, agrupavam dezenas de milhares de pessoas em todo o País; levaria à derrota do movimento – o que, de fato, ocorreu.
Enquanto Cantalice finge ignorar esses fatos, ele demonstra uma disposição inabalável em defender o STF, o verdadeiro criador e mantenedor do bolsonarismo, enquanto critica aqueles que fazem uma oposição séria e consequente à ditadura togada.
Nossa oposição à frente ampla sempre foi baseada em uma previsão clara, a que o País agora assiste: com esse conjunto de alianças, Lula não consegue governar. Amarrado à direita imperialista, que busca desesperadamente uma sobrevida política sob o manto da popularidade do presidente, Lula se vê frequentemente forçado a ceder, enquanto a direita nada oferece em troca.
Pelo contrário, Tebet, Alckmin e outros desclassificados inseridos à força no governo usam sua posição para pressionar ainda mais por políticas de alinhamento aos interesses dos banqueiros e dos monopólios internacionais, frontalmente contrários à política nacionalista e desenvolvimentista pretendida por Lula.
Essa é a verdadeira face da frente ampla que Cantalice defende, uma aliança que nada mais faz do que empurrar o governo à direita, sob o pretexto de governabilidade, que, na prática, não se verifica, sendo público e notório o oposto, que Lula é constantemente chantageado pelo Congresso dominado pelo bolsonarismo e atacado pela imprensa imperialista.
Era óbvio que aconteceria, mas o retumbante fracasso da esquerda nas eleições municipais deste ano mostrou que, além de não deixar Lula governar conforme seu programa e empreender uma política de cortes e arrocho; essa tática derrotista tem impulsionado o crescimento da extrema direita, que cresceu em quantidade de prefeituras e número de votos e também em qualidade, uma vez que os principais e mais influentes centros urbanos do País foram dominados pelos partidos da base bolsonarista.
Para Cantalice, no entanto, tudo parece estar às mil maravilhas. De duas uma: ou toda essa conjuntura não passa de uma fantasia coletiva e o dirigente petista está vendo um País diferente, onde o governo não está se vendo obrigado pela pressão da direita a cortar dos pobres para dar ainda mais aos banqueiros, não está sendo chantageado e acossado por um Congresso bolsonarista e uma imprensa imperialista, ambos dedicados a desmoralizar o governo, e tampouco acabou de levar uma surra histórica nas eleições municipais. Ou, tudo isso de fato aconteceu.
Nesse caso, o que o dirigente Cantalice está defendendo é a manutenção deliberada de uma política comprovadamente falida, que nada trouxe de bom ao governo, à esquerda, aos trabalhadores e ao País, mas foi, curiosamente, muito positiva para o bolsonarismo, que em suas palavras, diz combater. Nos posicionamentos, porém, Cantalice não faz mais do que fortalecer os inimigos do povo trabalhador.