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Foto: MST no RJ

Da Página do MST

Há 14 anos na luta pela Reforma Agrária, as 63 famílias assentadas do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) João da Silva, localizado no distrito Córrego do Ouro, em Macaé-RJ, norte fluminense, enfrentam mais uma vez ameaça de despejo e criminalização social.

A ação de desapropriação da Fazenda Bom Jardim iniciou-se em 2012. Ao longo desses anos, as famílias que moram no assentamento tornaram-se referências em agroecologia, unindo a produção de alimentos saudáveis à conservação da natureza e ao reflorestamento de áreas degradadas, antes tomadas pelo pasto.

João da Silva, assentado do PDS, relata: “Quando viemos aqui essa terra estava acabada, e agora você vê como está, tem reflorestamento. Antes não se via bicho nenhum, usava-se muito veneno.”

Marília, também assentada do PDS, reforça: “Por ser uma área de matas ciliares e área de nascente, nós estamos cuidando muito melhor. Hoje tem variedades de pássaros e animais que não tinham nesse ambiente. Quando chegamos aqui essa terra estava toda arrendada para gado, os bois estavam destruindo tudo. E a gente chegou aqui e fez a diferença. Tem muitos animais que não víamos aqui, conseguimos reflorestar várias partes do assentamento, temos várias nascentes e córregos limpos. E nossa produção é livre de qualquer tipo de veneno.”

Nas palavras do assentado João da Silva, estar vivendo no assentamento mudou sua vida. “Lá fora eu trabalhava mais em obra, eu não gostava, nem gosto de cidade, eu gosto mais da terra. Me criei na terra, e agora eu me sinto bem, minha vida mudou. Quem nos ameça mais é o fazendeiro, que quer essa terra.”

Produção agroecológica para a população do município

Foto: MST no RJ

Com três áreas de produção coletiva, os camponeses plantam uma grande variedade de alimentos, como abóbora, aipim, quiabo, banana, feijão, alface, batata-doce, cenoura, couve, inhame, milho, repolho, salsa, cebolinha, entre outros. As produções são escoadas para feiras dentro e fora do município e quinzenalmente para escolas pelo Programa Nacional de Apoio à Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Segundo Marília, assentada do PDS, as famílias assentadas trabalham de forma coletiva na produção de alimentos no local. “Esse ano tiramos 5 toneladas de feijão. Só um grupo tirou quase 3 toneladas e meia de abóbora, milho, 1 tonelada de melancia, feijão vermelho e carioquinha. O fazendeiro fala que a gente não faz nada, mas uma prova viva é que a gente fornece para a merenda escolar e para o PAA.”

Os alimentos comercializados pelo PAA somaram mais de 8 mil reais por entrega. Em 2024, o PDS comercializou mais de 12 toneladas de alimentos para o programa, em cerca de 17 variedades de produtos. Em Macaé, os alimentos beneficiam a Casa do Caminho, na comunidade Planalto da Ajuda, e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), no Córrego do Ouro, fortalecendo a segurança alimentar no município.

Trabalho coletivo e protagonismo das mulheres

Foto: MST no RJ

Viver no PDS impacta principalmente a vida das mulheres assentadas, que agora têm moradia, trabalho e renda, organizadas no coletivo Margaridas do Carukango para plantar e comercializar a produção de alimentos saudáveis, reforçando os circuitos curtos de comercialização local. A assentada Maria das Graças fala que o assentamento é um sonho para ela e sua mãe. “Minha mãe toda vida teve a vontade de ter um pedacinho de terra. Ela faleceu com 42 anos, eu estou com 71. O que nos ameaça no trabalho é o fazendeiro, que quase todo ano cria obstáculos, deixando-nos inseguros para realizar nossas atividades.”

A assentada Marília explica que a maior ameaça é tirar esse território das famílias que vivem no local, porque “têm propostas ótimas de produzir e viver da produção.”

Os ataques do poder judiciário

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Last Update: 27/12/2024