A Polícia Federal abriu inquérito nesta terça-feira para investigar a liberação de R$ 4,2 bilhões em emendas do chamado “orçamento secreto”, atendendo a um pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. A investigação busca esclarecer as intenções por trás do uso desses recursos públicos.

A determinação do STF foi baseada em um pedido do PSOL. Segundo a advogada do partido e mestre em direito constitucional pela UnB, Bruna Amaral, envolvida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1854, a decisão de Dino reflete irregularidades já identificadas na tramitação do orçamento.

“Desde a semana passada, temos monitorado e solicitado a manifestação do STF após a identificação de dois pontos críticos: o fechamento das comissões permanentes da Câmara dos Deputados e o envio de um ofício sigiloso contendo emendas aprovadas sem análise adequada pelas comissões”, afirma a advogada do PSOL.

Entenda a decisão

A ADPF 1854, já em trâmite no STF, aborda os problemas relacionados ao orçamento secreto. Em 2024, diversas audiências de conciliação foram realizadas entre o Supremo, a Controladoria-Geral da União (CGU) e outras instituições, com o objetivo de garantir maior transparência no processo de elaboração orçamentária.

De acordo com a advogada do PSOL, uma das principais demandas discutidas foi a implementação de mecanismos claros de rastreamento, como a identificação do autor da emenda, o CNPJ do destinatário final e a descrição detalhada do projeto beneficiado. 

Por isso, a recente decisão de Dino, ao suspender o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas que não atendiam às exigências de transparência, expôs e evitou graves falhas recorrentes no processo de rastreabilidade e uso desses recursos.

“Esse valor foi incluído no orçamento sem passar pelas comissões permanentes, que são essenciais para debater, votar e verificar a destinação correta das emendas. O fechamento das comissões entre os dias 12 e 20 deste mês é um claro descumprimento da norma constitucional de transparência”, expõe Bruna.

Impacto político e investigações para reforçar a credibilidade do orçamento público

A decisão do STF ocorre em meio a um ambiente de crescente pressão política e investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre o uso irregular de emendas. Reportagens recentes, como as da Revista Piauí, também apontaram desvios e suspeitas de fins eleitoreiros na destinação de recursos.

Ainda segundo Bruna, o papel das comissões – que verificam a destinação desses recursos – é fundamental não apenas para a fiscalização, mas também para garantir que os valores sejam utilizados para complementar políticas públicas de forma eficiente. 

“A ideia é que todo cidadão tenha acesso ao histórico das emendas: quem propôs, para onde foi o recurso e se o projeto foi concluído. Essa transparência é essencial para evitar corrupção e melhorar a gestão do dinheiro público”.

Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Bruna ressaltou ainda a importância da recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que impõe mudanças estruturais no acompanhamento das emendas parlamentares, que também conta com os esforços do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos tribunais de contas estaduais para identificar gargalos e melhorar a eficiência na aplicação dos recursos.

“O cumprimento dessa determinação pode gerar impactos positivos significativos, ao evitar desvios e reforçar a credibilidade do orçamento público”, afirmou Bruna.

Confira a entrevista completa abaixo:

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Last Update: 25/12/2024