O governo de Israel, sob a liderança de figuras de extrema direita como Bezalel Smotrich, está avançando planos para expandir assentamentos ilegais na cidade de Belém, cidade natal de Jesus Cristo, no coração da Cisjordânia ocupada. Essa política não apenas expande a presença israelense nas terras palestinas, mas também resulta na expulsão de palestinos, incluindo a comunidade cristã histórica da região. A movimentação do governo de Telavive ameaça isolá-la ainda mais, o que pode resultar na destruição de um dos últimos redutos cristãos da Terra Santa e na intensificação da marginalização da população palestina.
Em agosto de 2024, Bezalel Smotrich, o ministro das Finanças de Israel, anunciou a criação de um novo assentamento ilegal em Belém, uma medida que visa conectar o bloco de assentamentos de Gush Etzion a Jerusalém. O novo assentamento, denominado Nahal Heletz, ocupará terras palestinas na região sul da Cisjordânia. A declaração de Smotrich sobre a construção do assentamento como um “dever nacional” destaca uma política mais ampla de anexação e judaização das terras palestinas.
Esse movimento se alinha com a política da extrema direita israelense de expandir o território de Israel à medida em que fragmenta ainda mais as terras palestinas. O plano, que já foi aprovado em várias etapas, inclui a criação de uma linha contínua de assentamentos entre Gush Etzion, Battir e outras áreas ao redor de Jerusalém, isolando Belém e dificultando qualquer possibilidade de um futuro Estado Palestino independente. Como resultado, Belém – e os palestinos que nela habitam, incluindo uma significativa comunidade cristã – se encontra em risco de se tornar uma cidade cercada, desconectada de outras regiões palestinas e privada de suas terras.
Belém não é apenas uma cidade histórica e religiosa; ela representa um centro vital da presença cristã na Terra Santa. A cidade foi o berço do cristianismo e, ao longo dos séculos, tem sido um ponto de encontro para os cristãos do mundo inteiro. No entanto, como muitos outros locais palestinos, a presença cristã em Belém tem diminuído drasticamente devido à ocupação israelense e à pressão sobre os palestinos para abandonar suas terras.
De acordo com dados da Autoridade Palestina, a população cristã na Palestina diminuiu de 70.000 em 1922 para aproximadamente 47.000 em 2017. Em uma região onde os cristãos palestinos têm raízes profundas, a expansão dos assentamentos israelenses e as políticas de judaização representam uma ameaça existencial à sua sobrevivência na área.
O historiador William Dalrymple, especialista na presença cristã na Palestina, denunciou o que ele chama de “destruição de um dos últimos redutos cristãos da Cisjordânia”. De acordo com Dalrymple, terras como o Vale Al-Mahrur, que são vitais para a comunidade cristã palestina, estão sendo tomadas por colonos israelenses com o apoio do governo de Smotrich. “A história antiga da região, o berço do cristianismo, está sendo apagada”, afirmou Dalrymple, questionando a falta de cobertura internacional sobre a devastação dessa herança histórica.