Um levantamento feito pelo Globo aponta que policiais militares, civis e penais atuam como operadores logísticos e de inteligência para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os agentes também lucram para deixar a facção criminosa cometer crimes livremente.
Segundo o levantamento, dos 111 agentes de segurança que foram condenados ou se tornaram réus por envolvimento com o PCC nos últimos cinco anos, 13 são acusados de atuar diretamente em funções cruciais para a operação do grupo criminoso — como a logística da droga, no transporte e escolta das cargas; a inteligência, fornece informações internas dos órgãos de controle; e a pistolagem, para tirar o caminho desafetos e rivais.
“O PCC surge após o massacre do Carandiru propondo a unificação do crime contra a polícia. Ali, o policial era visto como inimigo. Mas o avanço do PCC profissionalizou a cena do tráfico e colocou ordem no mundo do crime, o negócio tornou-se mais robusto e rentável. Esse crescimento mudou a cena criminosa e as relações entre polícia e banditismo”, afirmou o pesquisador Bruno Paes Manso, autor do livro “A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil”.
Em 2023, o escrivão Thiago Marcondes foi assassinado por ordem de Gilson Alves da Silva, o “Galego”, chefe do PCC no Alto Tietê, na Grande São Paulo. Marcondes, que recebeu propina para não investigar o criminoso, teria sido morto por vingança.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o escrivão teria inventado para Galego uma investigação fictícia, na tentativa de extorqui-lo. O plano teria sido descoberto pelo traficante, que contratou o cabo Gilberto Xavier para eliminar o desafeto.
Dois meses depois, dois ex-PMs que passaram a investigar o desaparecimento do escrivão também foram encontrados mortos.