Os brasileiros condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 que buscaram refúgio na Argentina enfrentam um cenário de frustração e incerteza em 2024. De abril a agosto, muitos acreditavam que a administração de Mateo García poderia oferecer asilo político ou facilitar suas solicitações de refúgio. No entanto, o apoio esperado não se concretizou, deixando esses foragidos à mercê das autoridades argentinas.
Contrariando as expectativas, o presidente ultraliberal não tomou medidas favoráveis aos condenados. Segundo a Folha de S.Paulo, entre o grupo, havia esperança de que a Casa Rosada interviesse para acelerar os trâmites ou concedesse asilo político. Até o momento, não há indicações de ações nesse sentido. Sem respaldo político, muitos dos foragidos passaram a divulgar apelos nas redes sociais, pedindo solidariedade ao líder argentino.
Enquanto isso, as autoridades argentinas intensificaram as buscas. Mais de 50 brasileiros estão na mira da polícia, com cinco deles presos há mais de um mês. As detenções ocorrem após um juiz federal argentino emitir mandados de prisão em novembro, atendendo aos pedidos de extradição feitos pelo governo brasileiro.
A polícia realizou operações nos endereços declarados pelos solicitantes de refúgio, mas muitos já haviam fugido. Nos últimos meses, apenas cinco foram capturados. Esses detidos aguardam audiências programadas para janeiro de 2025, onde Promotoria e defesa apresentarão argumentos. Até lá, seguem presos, com possibilidade de recorrer à Suprema Corte caso suas extradições sejam autorizadas.
Com a intensificação das operações, a Argentina deixou de ser considerada uma rota segura para os foragidos. Alguns abandonaram o país, com relatos indicando destinos como Peru e Chile. Outros optaram por adotar um perfil mais discreto, evitando locais públicos frequentados anteriormente.
A presença de brasileiros na Argentina gerou histórias como a de Ueliton Guimarães de Macedo. Condenado a 14 anos de prisão pelos atos de 8 de janeiro, ele trabalhava em um restaurante brasileiro em Buenos Aires. Recentemente, desapareceu do local, com rumores de que teria se mudado para La Plata, onde ocorreram as primeiras prisões de foragidos no país.
Outro episódio chamou atenção quando um foragido divulgou um vídeo solicitando doações via Pix, alegando que o medo de ser preso o impedia de sair às ruas. O vídeo foi apagado posteriormente.
Os pedidos de refúgio feitos na Argentina seguem trâmites sigilosos e podem levar meses para análise. O status é concedido somente se as autoridades considerarem os solicitantes como perseguidos políticos, algo que enfrenta resistência no contexto atual.
A legislação argentina impede a extradição de solicitantes de refúgio enquanto seus casos estão em análise. No entanto, os recentes mandados de prisão surpreenderam os foragidos, obrigando-os a reavaliar estratégias.
Apesar de discursos do governo Milei favoráveis a perseguidos políticos — como os venezuelanos sob o regime de Nicolás Maduro —, não houve declarações públicas indicando apoio aos brasileiros. Diplomatas brasileiros permanecem atentos, mas acreditam que o argentino, mesmo com relações tensas com o presidente Lula (PT), não deve intervir em um caso de alta sensibilidade política.
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