A trama de violência e opressão perpetrada por Israel contra o povo palestino ultrapassa os ataques e bombardeios que já vitimaram mais de 45 mil pessoas em Gaza. Parte do terror causado também se manifesta pela restrição de acesso a alimentos e medicamentos, agravando o terror psicológico. E nesse cenário com uma população debilitada, as autoridades israelenses ordenaram o fechamento de um dos últimos hospitais em funcionamento no enclave.
O Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, tem internados, pelo menos, 400 civis, incluindo recém-nascidos em unidades neonatais dependentes de oxigênio e incubadoras. Conforme diretores do hospital, não há como transportar tantas pessoas, incluindo funcionários, de maneira tão rápida e sem contar com mais ambulâncias. Além disso, as remoções teriam que ser feitas em meio a bombardeios que ainda ocorrem, o que aumentaria a falta de segurança para pessoas já debilitadas. Para completar, os outros poucos hospitais que ainda funcionam e para onde foram indicadas as remoções estão superlotados.
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A pressão para a desocupação do hospital é feita de forma direta, sendo que a unidade é alvo de bombardeios. Os palestinos denunciam tais ataques, que visam deixar toda a área próxima de Beit Lahiya, Beit Hanoun e Jabalia devastada com a finalidade de tornar a área desocupada até a fronteira com Israel, para assim eles terem controle total da região.
Por sua vez, Israel continua seu avanço sob a mesma justificativa de atacar somente alvos do Hamas.
Na manhã desta segunda (23), a rede Al Jazeera denunciou o ataque ao campo de refugiados de al-Nuseirat, no centro de Gaza, vitimando quatro pessoas. Na localidade a maioria são de deslocados internos mulheres e crianças.
Papa
O Papa Francisco voltou a criticar os ataques de Israel na Faixa de Gaza durante a oração dominical do Angelus: “Com dor, penso em Gaza, em tanta crueldade, nas crianças metralhadas, nos bombardeios de escolas e hospitais. Quanta crueldade!, Rezemos para que no Natal haja um cessar-fogo em todas as frentes de guerra, na Ucrânia, na Terra Santa, em todo o Oriente Médio e em todo o mundo”, afirmou o pontífice ao estender a mensagem para a guerra entre Ucrânia e Rússia.
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Em uma entrevista ao canal de TV argentino Orbe 21, veiculada na última quinta (19), Francisco também falou sobre os conflitos, que classificou serem ações “mais de guerrilha do que de guerra”. Sobre Gaza, lamentou: “Quando você se depara com uma mãe com seus dois filhos que está passando na rua porque foi buscar algo em casa e volta para a paróquia onde está vivendo e a metralham sem motivo, isso não é uma guerra, com as regras normais de uma guerra. É terrível”.
*Com informações de agências internacionais