No último domingo, a segunda divisão do Campeonato Italiano de futebol presenciou o primeiro gol de Romano Floriani Mussolini, bisneto do ditador fascista Benito Mussolini. A torcida de seu clube, o Juve Stabia, comemorou o tento do atleta recém chegado ao time profissional com um gesto fascista nas arquibancadas.
Enquanto o locutor do estádio Romano anunciava o nome do jogador, os torcedores respondiam, em coro, “Mussolini”. Os gritos eram acompanhados do “Saluto Romano” (saudação romana, em tradução livre), gesto que caracterizava os seguidores do líder italiano.
Bisneto de Mussolini, Romano Floriani marcou hoje seu 1° gol como profissional.
Foi pela Juve Stabia, na Série B italiana, onde atua por empréstimo, porque pertence à Lazio.
Assim celebrou a torcida do clube do sul da Itália: fez saudação romana e exaltou o sobrenome fascista. pic.twitter.com/jM32ZR5IvG
— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) December 23, 2024
Esse é um dos episódios recentes mais escancarados do ressurgimento da extrema-direita em eventos esportivos, que no Brasil aconteceram por meio do bolsonarismo.
Supostamente torcedor do Palmeiras, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a frequentar diversos estádios pelo país e vestir inúmeras camisas para surfar na popularidade do esporte.
O ex-presidente usou isso para fazer associações diretas com a ideologia de extrema-direita disseminada por Mussolini. Durante seu mandato, quando não aparecia informalmente com camisas de times brasileiros, o uniforme preferido era o da Lazio, time italiano para que o líder fascista torcia e que favoreceu em seus anos como ditador.
Até hoje, os torcedores da Lazio, que frequentemente protagonizam ações de ódio, idolatram Mussolini. Um dos principais atletas da história do time de Roma é Paolo Di Canio. O ex-atacante conquistou de vez os adeptos quando, em 2005, comemorou uma vitória com o “Saluto Romano”. Em 2012, outro ídolo do clube, Stefan Radu, fez o mesmo gesto, para delírio da torcida.
Para além do futebol, Bolsonaro adotou métodos e lemas do fascismo para se aproximar de seus seguidores. A motociata, por exemplo, surgiu na Itália com as tradicionais “vespas” após o fim da Primeira Guerra Mundial, e a manifestação fez crescer a popularidade de Mussolini.
Já o slogan “Deus, Pátria, Família e Liberdade” é uma releitura da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento criado em 1932 por Plínio Salgado, para ser uma versão tupiniquim do movimento de extrema-direita do fascismo. Na versão de Salgado, o lema era “Deus Pátria e Família”.
Na Alemanha