O influenciador Ruan Juliet, morador da maior comunidade do Brasil, ficou conhecido por compartilhar em suas redes sociais como é a vida morando na favela e seus desafios diários.
A favela da Rocinha, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, atualmente é a maior comunidade do país, tendo uma população estimada em 70 mil moradores. Mesmo estando localizada em um ponto muito próximo a outros bairros nobres da região e sendo um dos mais famosos pontos turísticos da cidade, a Rocinha enfrenta graves problemas que afetam diretamente a qualidade de vida dos moradores.
“Hoje vamos explorar um lado aqui do morrão que poucos conhecem: a rotina de quem vive no meio dos becos”, afirmou Ruan, em um dos seus vídeos viralizados.
Em um dos vídeos, Ruan destaca as dificuldades de locomoção pelas escadarias longas, íngremes e estreitas, a infraestrutura precária, como os fios de energia todos dando um grande nó, instalados em altura inadequada, oferecendo risco aos moradores locais. No verão, é frequente que eles peguem fogo.
“Vai achando que a vida é um morango. Aqui, a vida é cheia de desafios. O bagulho é doido, e o caminho é bem estreito”, diz ele.
Ruan destaca também as dificuldades enfrentadas pelos moradores de casas que estão localizadas acima dos esgotos a céu aberto. O mau cheiro já é um grande obstáculo, mas acaba piorando ainda mais em dias de fortes chuvas, quando acaba acontecendo alagamentos.
“Nós temos que ficar pulando de vala em vala com se fosse um jogo de obstáculos (…) A vida na favela não é fácil, e a chuva só piora tudo”, comenta Ruan.
O influenciador também conta como funciona a compra de casas na favela. Ele explica que, no esquema ímpar criado pelos moradores locais, o proprietário de uma terra constrói uma casa na base e vende a “laje” para a construção de mais uma casa. Ao terminar essa construção, a laje nova também poderá ser vendida pelo dono do terreno original.
Nos dias em que acontecem operações militares na favela, o medo e a insegurança predominam e tomam conta das pessoas que moram na região. Ruan relata que todos são acordados bem cedo com barulhos de helicóptero e sirenes das viaturas, escolas e estabelecimentos são fechados, moradores correm o risco de perder um dia de trabalho e convivem com o “medo de levar uma bala perdida”.
Ruan comenta que esse tipo de situação, infelizmente, já faz parte do cotidiano dos moradores e se tornou a realidade de todos, porém, mesmo com toda a dificuldade, os moradores conseguem se unir para se ajudar e mostrar que juntos possuem uma força.
O influenciador, que tem mais de 400 mil seguidores somente no Instagram, afirma que as operações são prejudiciais porque, para além das questões de violência e segurança, fazem com que a favela perca um fator muito importante, que é o turismo local. O jovem passa a mensagem de que a resposta para isso não é a repressão, e sim a educação e investimentos em lazer.
“A mudança só vem com educação e investimentos reais”, finaliza ele em mais um de seus vídeos.
Conquistando cada vez mais seguidores mostrando o dia a dia real da favela, Ruan exibe em mais um de seus vídeos como funciona a entrega de delivery e compras de internet no morro.
Ele destaca que mesmo sendo uma espécie de labirinto entre os becos, os comerciantes locais conseguem fazer a entrega por já conhecerem bem a região. Porém, a entrega de via motoboy de grandes empresas, como Ifood, já é mais complicado.
“A desconfiança em relação a segurança e a logística acaba criando um verdadeiro desafio na entrega aqui”, alega o influenciador.
A solução achada para esse tipo de situação foi colocar como ponto de entrega a saída do metrô São Conrado/Rocinha. Mas aí, fiz Ruan, os moradores precisam descer o morro “via canela” até o ponto para retirar o pedido e depois subir todas as escadarias novamente.
Assim também funciona com a entrega de correspondências e produtos comprados pela internet, que os carteiros entregam apenas nas ruas principais da comunidade. A necessidade fez com que surgisse um empreendimento local, o “Carteiro Amigo Express”, que consiste em um ponto criado pelos próprios moradores para conseguir auxiliar a entrega de mercadorias nas áreas restritas e sem CEP da favela.
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