O diretor de Política Monetária do Banco Central e futuro presidente da autoridade monetária do País, Gabriel Galípolo, disse na última quinta-feira (19) que não considera “correto” dizer que existe um “ataque especulativo” contra o real. A declaração foi feita em coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Galípolo disse:
“Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias. Para existir um mercado, precisa existir alguém comprando e alguém vendendo. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores. Eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem”.
O ex-ministro da Fazenda do governo golpista de Michel Temer (MDB) e ex-presidente do BC no governo Lula, Henrique Meirelles, também defendeu a tese de que não há um ataque especulativo. Em entrevista ao jornal O Globo, Meirelles disse:
“Não é um ataque especulativo. A questão não é essa. Se investidores internacionais e domésticos acreditam que o país não vai ter problema à frente, compram ativos brasileiros, entram mais dólares, e o câmbio cai.
Neste momento, os investidores estão preocupados com a questão fiscal. É a dificuldade que o pacote de corte de gastos está enfrentando no Congresso, com risco de ser aprovado parcialmente ou nem ser aprovado.
A economia brasileira está crescendo, mas a questão fiscal traz preocupação. Então, a taxa do dólar reflete a entrada e saída da moeda no país.”
O economista do Brookings Institute, Robin Brooks, discordou da visão de Galípolo e Meirelles, afirmando que o real brasileiro está “absurdamente subvalorizado”.
A proporção dívida/PIB do País é de 81%, inferior à dos EUA, onde a dívida ultrapassou 120% do PIB. Isso revela que a preocupação com a dívida não é a verdadeira razão das pressões contra o governo brasileiro.
O sistema financeiro brasileiro precisa ser reformulado, estatizando e centralizando em um único banco, para eliminar a influência imperialista e garantir a soberania nacional.
Qualquer tentativa de racionalizar os ataques especulativos, como fazem Galípolo e seus pares, apenas perpetua o domínio destrutivo do imperialismo sobre o Brasil.