O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Câmara dos Deputados pagou R$ 212 milhões em cotas parlamentares para os seus 513 deputados ao longo deste ano, de acordo com o levantamento feito pelo Estadão.

O recurso pode ser usado para custear viagens, alimentação, locomoção, anúncios da atividade parlamentar ou aluguel de carros. No entanto, a verba foi utilizada para pagar vinho no Uruguai e passagens para Bonito (MS).

Todo mês, os deputados devem apresentar notas fiscais para que a Câmara reembolse as despesas vinculadas às suas funções parlamentares. Quando o gasto não se enquadra nas regras definidas pela Casa, o setor responsável “glosa” a nota, ou seja, o valor não é pago.

Em 2024, foram barradas cerca de R$ 1 milhão em despesas por irregularidades ou por excederam os limites estipulados.

O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS), que faz parte do Parlamento do Mercosul (Parlasul), pediu o reembolso de R$ 480,22 por duas notas fiscais em Montevidéu, no Uruguai. Uma delas, no valor de R$ 286,62, incluía o consumo de duas taças de vinho e um cordeiro na brasa em um restaurante localizado na Colônia de Sacramento, que fica a cerca de 178 km da capital.

Apesar de bebidas alcoólicas não serem permitidas, a Câmara pagou pelo drinque.

Segundo Cherini, o erro não foi seu. “A Câmara tem muitos funcionários só para cuidar de notinha. Não pode passar. Jamais vou fazer coisas que não estão dentro da lei”, justificou.

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). Foto: Michel Jesus/Agência Câmara

Ainda neste ano, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou a cota parlamentar para pagar R$ 3,8 mil em passagens aéreas para a cidade de Bonito (MS), ponto turístico conhecido pelas belezas naturais. A bolsonarista foi vista, junto ao marido, fazendo uma trilha em um parque no município.

Questionada, a parlamentar disse que estava na cidade para participar de um “evento político-partidário” em um sítio do interior sul-matogrossense. Entretanto, Zambelli não compartilhou nenhum registro sobre o evento em suas redes sociais.

O deputado Átila Lins (PSD-AM) foi o que mais gastou dinheiro da cota parlamentar neste ano, com um total de R$ 577,2 mil. A maior parte desse valor foi destinada ao fretamento de aeronaves (R$ 311,8 mil) e à divulgação de atividades parlamentares (R$ 108,3 mil).

Parlamentares amazonenses costumam usar mais do recurso de fretamento de aeronaves devido à dificuldade de locomoção entre cidades do Estado.

Deputados podem solicitar reembolso da Câmara por meio da cota parlamentar caso gastem com:

  • Passagens aéreas;
  • Conta telefônica do telefone funcional do deputado, dos gabinetes, dos escritórios nos Estados e dos imóveis funcionais;
  • Manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar;
  • Assinatura de publicações, como jornais;
  • Alimentação exclusivamente do deputado;
  • Hospedagem, exceto no Distrito Federal;
  • Locação ou fretamento de aeronaves;
  • Locação

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Last Update: 21/12/2024