O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não descartou a possibilidade de ocupar um ministério no governo Lula (PT) a partir de fevereiro de 2025, quando deixa o comando da Casa Alta. Ele sustenta, porém, que, ao menos por enquanto, seu plano é continuar no Legislativo.
“Eu tenho que concluir até dia 1º de fevereiro o meu mandato como presidente do Senado, fazer a eleição da Mesa Diretora nos primeiros dias de fevereiro e definir as comissões. Por ora, a definição é a permanência no Senado“, afirmou Pacheco a jornalistas em Brasília nesta sexta-feira 20. A declaração foi captada pela CNN Brasil.
“Eu acho que são muitas medidas inteligentes que servem ao Brasil e que nós podemos cuidar ao longo desses dois anos aqui no Senado. Portanto, a minha intenção é a permanência no Senado”, insistiu Pacheco mais adiante.
Não é de hoje que Pacheco tem sido citado como um possível integrante da Esplanada após deixar o comando do Senado. Na última semana, porém, as articulações se intensificaram, em especial após a provável saída de José Múcio Monteiro da Defesa.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que acumula a função de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, é o mais cotado para liderar a pasta que comanda as Forças Armadas. Pacheco teria, assim, caminho aberto para ser o articulador do governo com o empresariado brasileiro.
A ida do senador ao governo é tida como ponto de alavancagem de uma candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026. Lula não tem escondido o desejo de lançar Pacheco ao cargo em uma leitura de que o parlamentar é capaz de evitar o avanço da extrema-direita no estado.
Aliados do petista já sinalizaram positivamente para a mudança, que tem potencial, também, de facilitar a vida do presidente no Congresso Nacional. Pacheco, após dois mandatos como chefe do Legislativo, tende a ser tornar um negociador do Executivo com políticos de Brasília.
Em conversa com CartaCapital nesta sexta-feira 20, o vice-presidente do PT e prefeito eleito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, argumentou que a nomeação de Pacheco como ministro pode dar a necessária sustentação do governo no Congresso Nacional.
“Lula precisa ter uma base sólida no Centrão, porque o Congresso que está aí foi eleito. O presidente, para não acontecer o que aconteceu com a Dilma, que é perder maioria e criar uma crise institucional, precisa ter maioria no Congresso”, destacou Quaquá.
A mesma conta política pode levar Arthur Lira (PP-AL) ao governo federal. O político também finaliza sua passagem pelo comando da Câmara dos Deputados no dia 1º de fevereiro de 2025 e tem dito que retornará ao ‘chão de fábrica’. O deputado, porém, pode ganhar vaga na Esplanada para representar o Centrão.
O acerto, nesse caso, é bem mais complexo, já que Lira tem fortes ligações com o bolsonarismo e também não aceitaria comandar uma pasta de orçamento enxuto. Para a nomeação do parlamentar, Lula teria que movimentar peças mais relevantes do tabuleiro em Brasília.