Desde o início da operação especial russa na Ucrânia, em 2022, os Estados Unidos e a União Europeia destinaram mais de US$300 bilhões em “assistência financeira e militar” a Kiev. A informação foi destacada pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, em entrevista à rádio Kossuth na última sexta-feira (20).
Orbán criticou o destino desses recursos, argumentando que poderiam ter sido utilizados para melhorar as condições de vida dos cidadãos europeus. “Esses números poderiam ter feito maravilhas se investidos no desenvolvimento da infraestrutura europeia ou no fortalecimento militar do bloco”, declarou o premiê húngaro. Ele também apontou que o prolongamento do conflito é resultado direto da política dos governos “ocidentais” (os países imperialistas).
Orbán ainda afirmou que o panorama militar no fronte ucraniano está mudando constantemente em favor da Rússia. Ele alertou ainda para o impacto de possíveis mudanças políticas nos EUA, com a volta de Donald Trump à presidência no início do próximo ano.
O primeiro-ministro também destacou o recente posicionamento do Parlamento Europeu, que decidiu manter o envio de grandes quantias para a Ucrânia. Para ele, essa escolha reflete prioridades equivocadas, demonstrando que Bruxelas ignora as necessidades da população europeia.
Ao final, Orbán enfatizou que os bilhões já gastos no conflito poderiam ter sido investidos para elevar o padrão de vida na Europa, fortalecer os países dos Bálcãs Ocidentais ou desenvolver capacidades militares próprias. Para ele, essa quantia “enorme” teria feito muito mais pelos europeus, caso fosse destinada a atender suas reais necessidades.
Ucrânia ataca Rússia e assassina 5 civis
Na última sexta-feira, a Ucrânia realizou ataques com mísseis na região de Kursk, na Rússia, conforme relatado pelo governador interino Aleksandr Khinshtein. Segundo ele, a infraestrutura civil na cidade de Rylsk foi alvo dos ataques. Em mensagem publicada no Telegram, Khinshtein afirmou que o exército ucraniano “realizou um ataque com mísseis contra a cidade de Rylsk” e acusou as forças de Kiev de “deliberadamente escolher instalações civis e sociais como alvos”.
Autoridades regionais e serviços de emergência foram enviados ao local, onde registros de testemunhas publicados em canais de Telegram mostram carros incendiados e edifícios danificados. O veículo Mash relatou que cinco pessoas foram assassinadas no ataque e outras 26 ficaram feridas, além de danos a uma escola, uma estação rodoviária e um centro cultural. O chefe da administração do distrito de Rylsk, Andrey Belousov, descreveu o ataque como “massivo”, com cerca de 15 projéteis disparados contra a infraestrutura social da cidade.
Na quarta-feira anterior (18), a Ucrânia também lançou mísseis táticos ATACMS, de fabricação norte-americana, e mísseis de cruzeiro Storm Shadow contra uma grande planta química na região de Rostov, no sul da Rússia, segundo o Ministério da Defesa russo. Em declaração, a pasta informou que as defesas aéreas russas interceptaram todos os ATACMS e três dos quatro Storm Shadow. O quarto míssil britânico saiu da rota, mas ainda assim atingiu a planta química Kamensky, causando danos materiais. Essa instalação produz materiais para a indústria militar russa.
Em resposta, a Rússia realizou ataques com mísseis em Kiev na sexta-feira, atingindo um centro de comando e o birô de design Luch, especializado no desenvolvimento de sistemas de foguetes. De acordo com o Ministério da Defesa russo, a ofensiva foi uma “resposta às ações do regime de Kiev, apoiado por seus curadores ocidentais”.
Orbán sugere cessar-fogo natalino
No início deste mês, Viktor Orbán sugeriu a implementação de um cessar-fogo de Natal entre Rússia e Ucrânia, com o objetivo de abrir caminho para uma solução diplomática ao conflito. A proposta, que também foi levada ao ex-presidente Donald Trump, contou com o apoio do Kremlin. Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, expressou total apoio aos esforços do líder húngaro.
Contudo, a iniciativa foi rejeitada pelo ditador ucraniano Vladimir Zelensky. Para Moscou, tal recusa demonstra a falta de interesse em uma solução negociada, enquanto o apoio militar e financeiro do imperialismo apenas prolonga o conflito.