Antes de assume o cargo de presidente do Banco Central (BC), o indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gabriel Galípolo, revelou sua verdadeira face. Em sua última coletiva de imprensa com o atual presidente, o golpista Roberto Campos Neto, o novato manifestou sua intenção de seguir os passos de seu mentor na condução da política fiscal da autarquia.
“Roberto, a casa é sua, sempre estaremos de portas abertas para você. Sou muito grato por tudo que fez pela política monetária, pela casa e por todos nós. Obrigado mesmo, meu amigo”, disse Galípolo.
A bajulação foi tão intensa que a imprensa burguesa, por meio do Estadão, afirmou que o recado ficou claro: “Campos Neto, que foi alvo preferencial do PT e do presidente Lula ao longo do ano para eximirem-se das responsabilidades sobre as instabilidades econômicas no País, está de saída, mas isso não significa abrir as portas para interferência política dos petistas”.
Para eliminar qualquer dúvida sobre a natureza de sua relação com Campos Neto, Galípolo defendeu o golpista, deixando claro que, assim como as portas do BC, suas pernas também estão abertas para o indicado por Bolsonaro:
“Sou testemunha de que o Roberto, em todas as reuniões, atuou com preocupação em relação ao País, sempre pensando o que era melhor para a economia brasileira e o que era para o país e em fortalecer a gente”, afirmou Galípolo na mesma coletiva.
O novo presidente do BC chegou ao cúmulo de elogiar o avô de Campos Neto, conhecido como Bob Fields, devido à sua atuação como ministro do Planejamento no governo do ditador Castelo Branco (1964-1967). “O avô do Roberto ficaria orgulhoso pela contribuição e demonstração de força institucional do BC. Agradeço como futuro presidente, brasileiro e como amigo”, disse Galípolo.
Diante dessas declarações, o que dizer aos sonhadores da esquerda que elogiaram a “brilhante” escolha de Lula como uma jogada de mestre, que mudaria a política fiscal do BC ao mesmo tempo em que despistaria os abutres do Congresso? O que dizer agora que está claro que a política fiscal da autarquia permanecerá a mesma, de sabotagem do desenvolvimento nacional?
E agora, José?
Fato é que a indicação de Galípolo expressa, antes de qualquer coisa, a pressão que a burguesia ligada ao capital financeiro faz contra o governo Lula. O controle do imperialismo sobre o Banco Central, com sua criminosa “independência”, é uma das principais ferramentas dos poderosos para manter o País inteiro refém de seus próprios interesses.
Sem uma guinada de 180 graus na política do Banco Central, a taxa de juros da dívida pública continuará abocanhando a maior parte do PIB brasileiro. Sem essa mudança, o povo continuará sofrendo nas mãos de meia dúzia de vampiros que sequer moram no Brasil.