Vice-presidente do PT e prefeito eleito de Maricá (RJ), Washington Quaquá defende a necessidade de o presidente Lula construir uma base parlamentar vigorosa no Centrão, a fim de evitar uma crise política aos moldes daquela que levou à derrubada de Dilma Rousseff, em 2016.

A fragilidade governista no Congresso, especialmente na Câmara, é um fato. Partidos com ministérios, como União Brasil, PP e Republicanos, votam frequentemente como oposição em temas-chave e abrigam lideranças bolsonaristas. A polêmica sobre o pagamento de emendas, com o Supremo Tribunal Federal na supervisão, azedou ainda mais o clima no segundo semestre.

As soluções para a falta de alianças confiáveis no Parlamento divergem. No Centrão, ecoa-se que Lula deveria ampliar o espaço desses partidos em seu governo. Vem daí a discussão sobre o que fazer com Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, cujos mandatos nas presidências do Senado e da Câmara, na prática, já terminaram — a eleição nas Casas ocorrerá em 3 de fevereiro, logo na volta do recesso que começa neste fim de semana.

“Lula precisa ter uma base sólida no Centrão, porque o Congresso que está aí foi eleito. O presidente, para não acontecer o que aconteceu com a Dilma, que é perder maioria e criar uma crise institucional, precisa ter maioria no Congresso”, afirmou Quaquá. “Para ter maioria no Congresso, ele tem de estabilizar a base de centro na Câmara e no Senado.” Ele defendeu diálogo com Lira, Pacheco e seus probabilíssimos sucessores: Hugo Motta, na Câmara, e Davi Alcolumbre, no Senado.

“Sou plenamente favorável à participação de quem quer que seja do Centrão para estabilizar uma base sólida para o presidente Lula poder governar e melhorar a vida do povo”, emendou.

Na quinta-feira 19, a Folha de S.Paulo informou que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, teria sinalizado a Lula o desejo de deixar o cargo. O vice-presidente Geraldo Alckmin seria um dos favoritos a substitui-lo. Essa eventual mudança, aliada a outras que devem ocorrer no início de 2025, abriria espaço para Pacheco na Esplanada. Com isso, o atual presidente do Senado poderia consolidar uma candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026, com apoio de Lula para evitar o avanço da extrema-direita no estado.

Com Lira, a situação é diferente. Identificado com o bolsonarismo, o deputado vestiu a camisa de Jair Bolsonaro em 2022 e foi o fiador da permanência do ex-capitão no Planalto, mantendo engavetados dezenas de pedidos de impeachment mesmo diante do negacionismo na pandemia e de incontáveis ameaças ao Estado Democrático de Direito. Além disso, Lira dificilmente aceitaria uma pasta com orçamento enxuto.

Em uma espécie de despedida, o presidente da Câmara declarou não ter problema em “voltar a atuar no chão da fábrica”, em referência à iminência de se tornar um deputado “comum”. Em 4 de dezembro, em um evento do site Jota, ele não descartou disputar uma vaga no Senado. “Se eu tiver oportunidade do meu estado poder dizer ‘acho que o Arthur será importante agora no Senado’, eu irei; se não [disser], coloco outro nome à prova e a gente vai para as discussões.”

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 20/12/2024