O juiz Marcelo Duarte, do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu liberdade provisória a Maria Cristina de Araújo Rocha, presa após chamar um agente da Polícia Federal de “macaco”. A liberação ocorreu após audiência de custódia, nesta quinta-feira 19, horas após a detenção.
A mulher, filha de um ex-coronel do Exército, responderá por injúria racial. O crime aconteceu enquanto a pensionista tentava deixar uma coroa de flores na calçada da casa do presidente Lula (PT), na capital paulista, onde ele se recuperava da cirurgia para drenar um hematoma intracraniano.
Segundo depoimento prestado ao magistrado, Maria Cristina ainda afirmou, durante o trajeto até a delegacia, que o agente da PF parecia um “gorila” pelo seu tamanho. A audiência de custódia é um procedimento padrão e serve para o juiz avaliar a legalidade da prisão e o tratamento dispensado ao preso.
A soltura contrariou posicionamento do Ministério Público Federal, que pediu a conversão da prisão em flagrante em preventiva. “O crime imputado à custodiada não foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, pelo que a soltura, ao menos em princípio, não trará riscos à ordem pública além daqueles a que a sociedade está obrigada a suportar diariamente”.
Maria Cristina, contudo, terá de cumprir uma série de recomendações: não se aproximar da residência do presidente da República em SP, da sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, e do agente que ofendeu; não sair do país e ficar recolhida em casa no período da noite.
A mulher, que tem 77 anos, é uma militante bolsonarista que já respondeu por injúria racial contra um diplomata chinês. Ela é pensionista do Estado brasileiro por ser filha de militar. Seu pai, Virgilio da Silva Rocha, era general de divisão do Exército. Desde 2009, a mulher recebe uma pensão mensal de 14,5 mil reais brutos.