Metade dos brasileiros acredita que João Pedro Bolsonaro tentou promover um golpe para se manter no poder após ser derrotado no segundo turno da eleição presidencial de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o Datafolha, 52% dos entrevistados concordam com essa hipótese, enquanto 39% não acreditam nela, e 7% afirmam não saber. Esses números são semelhantes aos registrados em março deste ano, quando a crença na intenção golpista era de 55% e a taxa de quem rejeitava a ideia permanecia em 39%.
Desde então, Bolsonaro foi indiciado no inquérito que apura a trama golpista, junto com outras 39 pessoas, das quais 28 são militares. Apesar de alegar inocência e afirmar que é vítima de perseguição política, a Polícia Federal sustenta a existência de provas, e há expectativas de que o ex-presidente seja denunciado pelo Ministério Público e possivelmente julgado em 2025.
Os dados do levantamento revelam diferenças significativas entre os grupos socioeconômicos. A crença de que Bolsonaro tentou um golpe é maior entre os menos instruídos, os mais pobres e os nordestinos.
Por outro lado, quem isenta o ex-presidente são majoritariamente pessoas com curso superior, mais ricos, moradores do Sul e evangélicos. Como esperado, a divisão entre eleitores de Lula e Bolsonaro apresenta abismos de opinião.
Risco de golpe e plano de assassinato geram divisões
A pesquisa também indicou que 68% dos brasileiros acreditam que houve risco de golpe nos meses finais de 2022. Desse grupo, 43% avaliaram o perigo como grande, 17% como médio e 8% como pequeno. Outros 25% descartaram completamente a hipótese, enquanto 7% afirmaram não saber opinar.
A percepção de risco é mais acentuada entre os mais pobres, nordestinos e eleitores de Lula. Já entre homens, mais ricos e bolsonaristas, 46% acreditam que não houve ameaça de golpe.
O Datafolha também perguntou sobre o plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Do total de entrevistados, 63% afirmaram ter conhecimento sobre o caso, com 29% se considerando bem informados, enquanto 37% não ouviram falar do assunto. O desconhecimento foi maior entre os mais jovens, com 57% dos indivíduos entre 16 e 24 anos afirmando que não tinham informações sobre o plano.
O grau de conhecimento sobre o caso influenciou diretamente a opinião dos entrevistados. Entre aqueles que conhecem o plano, 50% acreditam que Bolsonaro estava envolvido, enquanto 40% discordam. Já entre quem desconhece o caso, 54% consideram o ex-presidente inocente, contra 22% que acreditam em sua participação. No geral, 46% acham que Bolsonaro sabia do plano, enquanto 39% discordam, e 15% não souberam opinar.
A pesquisa foi realizada pelo Datafolha nos dias 12 e 13 de dezembro, com 2.002 eleitores em todo o Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.