Lula defende moeda comum dos BRICS, Trump reage com ameaça de tarifas de 100%; guerra comercial global se torna iminente
Alguns dias atrás, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de 100% aos países BRICS se eles criassem uma moeda rival ao dólar americano.
Trump escreveu em sua plataforma de mídia social, Truth Social: “Exigimos um compromisso desses países de que eles não criarão uma nova moeda BRICS nem apoiarão nenhuma outra moeda para substituir o poderoso dólar americano ou enfrentarão tarifas de 100% e devem esperar dizer adeus à venda para a maravilhosa economia dos EUA.”
As observações de Trump parecem não atingir o ponto, dado que o risco de o dólar americano perder seu domínio no comércio internacional é altamente improvável por enquanto, enquanto os riscos e consequências negativas de tarifas excessivas e guerras comerciais subsequentes são muito mais concretos e imediatos.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, questionou por que todos os países tinham que basear seu comércio no dólar e pediu que as nações do BRICS criassem uma moeda comum para comércio e investimento entre si.
Embora Lula não tenha especificado, a maioria dos especialistas concorda que, entre as opções que os BRICS podem considerar, podemos encontrar uma cesta de moedas dos países BRICS, usando o ouro como lastro para uma nova moeda potencial, ou mesmo usando moedas digitais, seja usando criptomoedas (uma stablecoin) ou mesmo criando uma moeda digital comum do banco central (CBDC).
As CBDCs poderiam, em teoria, desempenhar um papel nessas tendências de desdolarização que estamos (até certo ponto) testemunhando.
Para resumir, as observações de Trump são um exemplo claro de que às vezes a solução pode ser pior do que o “problema”. Em outras palavras, se, para proteger o dólar americano, ele precisa aplicar esse tipo de tarifa, a solução será pior.
A guerra comercial iniciada por Trump em 2018 foi resultado de sua aposta no protecionismo e no bilateralismo em vez do livre comércio e do multilateralismo, o que trouxe grande prosperidade aos EUA, sem falar na influência global.
Qualquer nova guerra comercial seria um erro completo, já que as tensões relacionadas ao comércio não prejudicariam apenas a China e os EUA, mas também terceiros. Novas tarifas e uma segunda rodada de uma guerra comercial poderiam aumentar a incerteza para a economia mundial — anátema para todos os empresários e investidores.
O cenário ideal seria o de competição econômica administrada, mecanismos aprofundados de gerenciamento de crises, comércio e investimento sustentados, restrições tecnológicas limitadas e cooperação em ameaças globais compartilhadas.