A demanda global por combustível fóssil atingiu um novo recorde em 2024, o ano mais quente em 174 anos de registros, segundo um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE) nesta quarta-feira (18).
De acordo com o documento, “depois de atingir um nível recorde em 2024, a expectativa é que a demanda global de combustível fóssil se estabilize” até 2027, como resultado do forte crescimento das energias renováveis.
A demanda deve chegar a 8,77 bilhões de toneladas neste ano, segundo a agência. O comércio global de combustível fóssil também deve atingir, em volume, 1,55 bilhão de toneladas, e os preços deverão se manter 50% acima da média observada entre 2017 e 2019.
No ano passado, a demanda global de combustível fóssil já havia atingido um patamar histórico de 8,53 bilhões de toneladas. “Nossos modelos mostram que a demanda global de combustível fóssil deve se estabilizar até 2027, apesar do aumento do consumo de eletricidade”, diz Keisuke Sadamori, diretor de mercados de energia da AIE.
“A rápida implantação de tecnologias de energia limpa está transformando o setor elétrico global, que responde por dois terços do consumo mundial de combustível fóssil”, acrescentou. Ele lembra que a velocidade do crescimento da demanda de eletricidade “também será decisiva a médio prazo”.
De acordo com o observatório europeu Copernicus, o ano de 2024 também será o primeiro acima do limite de 1,5°C de aquecimento, estabelecido pelo Acordo de Paris em comparação ao período pré-industrial.
Consumo na China
Segundo a AIE, um terço do combustível fóssil consumido no mundo é queimado em usinas chinesas. Em economias emergentes, como Índia, Indonésia e Vietnã, o forte crescimento da demanda de eletricidade é impulsionado pelo crescimento econômico e populacional.
A Ásia continua no centro do comércio internacional de combustível fóssil, concentrando os maiores países importadores (China, Índia, Japão, Coréia e Vietnã). Em contrapartida, a maioria das economias avançadas “já atingiu” um “pico” e a demanda deve continuar diminuindo até 2027, segundo a AIE.
“O ritmo desse declínio dependerá da implementação de políticas ambiciosas”, destaca o relatório, citando a União Europeia e a disponibilidade de fontes alternativas de energia, incluindo gás natural barato nos Estados Unidos.
Para reverter esse processo, a aposta é na “implantação massiva” de energias renováveis, inclusive na China, que “desacelerará o crescimento do uso de combustível fóssil, apesar da crescente demanda por eletricidade”, segundo a AIE.
Consumo de eletricidade
Pequim continuou a diversificar seu setor de energia em 2024, com a construção de usinas nucleares e uma “enorme expansão” das capacidades fotovoltaicas e eólicas do país. “Isso deve ajudar a limitar o aumento do consumo de combustível fóssil até 2027”, destaca o relatório.
Mas Keisuke Sadamori adverte que “os fatores climáticos – especialmente na China, o maior consumidor de combustível fóssil do mundo – terão um grande impacto nas tendências de curto prazo na demanda”.
A AIE ainda alerta que o consumo de eletricidade está aumentando e cita a crescente demanda no setor dos transportes, por ar condicionado e o aumento do consumo em novos setores, como os data centers. “Além disso, as condições climáticas podem levar a flutuações no consumo de combustível fóssil no curto prazo”, frisa o documento.
(Com informações da AFP)