Lula encontra João Paulo Rodrigues e Ceres Hadich, da direção nacional do MST, no Palácio do Planalto, em Brasília, em setembro de 2024. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Por Leonardo Fernandes

O governo federal irá desapropriar cinco áreas onde estão instalados acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O Movimento, por sua vez, pressiona para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assine os decretos antes do Natal. Os acampamentos somam 9,4 mil hectares.

“A gente tem chamado de ‘Natal sem fome e Natal com terra’. Para nós podermos avançar na construção da Reforma Agrária Popular, no fortalecimento dos territórios de Reforma Agrária, na produção de alimentos saudáveis, e para nós podermos consolidar um processo de justiça social das famílias que estão acampadas hoje no Brasil”, disse Ceres Hadich, da direção nacional do MST.

Além da desapropriação dessas áreas, o MST reivindica o assentamento definitivo de cerca de 60 mil famílias Sem Terra que estão em acampamentos provisórios.

Territórios de resistência

As áreas desapropriadas são simbólicas por se tratar de ocupações com mais de uma ou duas décadas de resistência. Em Minas Gerais, por exemplo, serão três áreas desapropriadas, que compreendem o acampamento Quilombo Campo Grande, no Sul do estado.

VI Congresso Nacional do MST, Brasília. Foto – Mídia NINJA

Ao todo, são 3,6 mil hectares, onde cerca de 460 famílias vivem há 26 anos, tendo passado por 11 tentativas de despejo.

No último sábado, os trabalhadores Sem Terra do acampamento Quilombo Campo Grande se reuniram em assembleia, onde discutiram o anúncio feito pelo governo e cobraram que os decretos sejam assinados antes das festas de Natal.

“Como nos ensinou [Carlos] Marighella, a única luta que se perde é a luta que se desiste. E aqui, homens e mulheres não se furtaram à luta, não desistiram, não abandonaram e, por isso, caminhamos para essa conquista. Que o governo seja rápido em assinar esse decreto”. Ele concluiu dirigindo-se ao líder do executivo nacional: “Presidente Lula, assina o nosso decreto, que essa é a expectativa que todas essas famílias e que todo povo de Minas Gerais têm com o seu governo.”

Outra área que será desapropriada está no município de Pau D’Arco, no Pará. Trata-se da antiga fazenda Santa Lúcia, com cerca de 5,6 mil hectares, onde, segundo o MDA, vivem 224 famílias.

Completam a lista, a fazenda Crixá, em Formosa, Goiás, de 3,1 mil hectares e com 218 famílias; a fazenda São Paulo, em Barbosa Ferraz, no Paraná, com uma área total de 780 hectares, onde vivem 34 famílias, com capacidade para 60, segundo o MDA; e, finalmente, o imóvel Horto Florestal “Cruz Alta”, no município de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, área ocupada por 12 famílias, que tem 125 hectares.

Segundo o MST, essas serão as primeiras áreas desapropriadas em dois anos de governo.

Edição: Martina Medina

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Last Update: 17/12/2024